ATA DA NONAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 29.10.1997.

 


Aos vinte e nove dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Paulo Brum, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, Luiz Braz, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Vigésima Sexta e da Vigésima Sétima Sessões Solenes, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Fernando Záchia, o Projeto de Lei do Legislativo nº 188/97 (Processo nº 3249/97); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador José Valdir, o Projeto de Lei do Legislativo nº 191/97 (Processo nº 3266/97); pela Vereadora Sônia Santos, 02 Pedidos de Providências. Ainda, foram apregoados os Ofícios nºs 480 e 481/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando, respectivamente, o Projeto de Lei do Executivo nº 51/97 (Processo nº 3292/97) e o Veto Parcial aposto ao Projeto de Lei do Legislativo nº 237/91 (Processo nº 2763/91). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios do nºs 477 e 479/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 125/97, do Senhor Hunder Everto Côrrea, Presidente Regional da Liga da Defesa Nacional - LDN; 641/97, da Sociedade de Ginástica Porto Alegre - SOGIPA; 2213, 2417 e 2421/97, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto/RS; Convites: do Senhor Áureo Dutra Rodrigues, Diretor-Presidente do Centro Espírita de Umbanda Luz e Caridade, para a festa em homenagem à Oxum e entrega dos títulos de Embaixador da Umbanda no Brasil e Ministro de Xangô Obá Otun; do Professor Renato de Oliveira, Presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - ADUFRGS, Seção Sindical da ANDES - Sindicato Nacional, para o debate sobre "Ética e Imprensa"; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Secretaria da Produção, Indústria e Comércio, juntamente com outras entidades, para o ato de inauguração da Incubadora Empresarial da Restinga - IETINGA; da Skutchia Produções, para o show lançamento do CD "Encontro", de Mallga; do Senhor Claudio Barreto Viana, Presidente da AEROELETRÔNICA - Indústria de <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm><D>Componentes Aviônicos S.A., para a solenidade de implantação da Primeira Fase do Projeto SOMA - Sistema de Ônibus Monitorado Automaticamente; das Empresas Estoril, Gazômetro, Presidente Vargas, Sentinela, Sudeste e VAP, para o lançamento do Consórcio União da Bacia Urbana Sudeste-Leste UNIBUS; da Escola Superior de Direito Municipal e da Procuradoria-Geral do Município de Porto Alegre, para a sessão de autógrafos do Doutor Juarez Freitas, dos livros "O Controle dos Atos Administrativos e os Princípios Fundamentais" e "Estudos de Direito Administrativo". Em continuidade, por solicitação do Vereador Juarez Pinheiro, foi feito um minuto de silêncio face aos assassinatos do Médico Milton Sant'Anna Pante, do Estudante Fábio da Silva Borba e do Motorista Fábio Osni Berni da Rocha. Também, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal do Vereador João Carlos Nedel, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, iniciando-se o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar os cem anos da vinda dos Irmãos Maristas para o Brasil, nos termos do Requerimento nº 204/97 (Processo nº 2655/97), de autoria da Mesa Diretora. Compuseram a MESA: o Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Irmão Antônio José da Silva, Superior Provincial dos Irmãos Maristas; o Irmão Norberto Rauch, Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC; o Vereador Paulo Brum, 1º Secretário deste Legislativo. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças do Irmão Avelino Parizotto, Pró-Reitor de Administração da PUC; do Professor Alcides Cerveline, Diretor do Colégio Champagnatt; do Irmão Pedro Finckler, da Faculdade de Psicologia da PUC; do Irmão Jaime Biazus, Diretor do Centro Social Marista; do Irmão Francisco Ruzzarin, Administrador Provincial; do Irmão Nadir Bonini Rodrigues, Historiador; do Irmão João Castenaro, Diretor do Colégio Assunção; do Irmão Luiz Bernardi, Diretor do Colégio São Pedro; do Irmão Avelino Madalosso, Coordenador da Pastoral da PUC; do Irmão Urbano Rehk, Professor do Colégio Champagnatt; do Irmão Nicolás Rubio, Diretor da Província Provincial; do Irmão Luiz Benício, Secretário Provincial; do Frei Achiles Chiapp; da Irmã Jacira Onzi, Diretora do Hospital Mãe de Deus; do Senhor Wilmar Govinatzki, representando a FEDERAPARS; do Professor Romeu Klein, representante do Colégio Bom Conselho. Também, foi registrada a presença do ex-Vereador Vicente Dutra. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Carlos Nedel historiou acerca da vinda dos Irmãos Maristas ao Brasil, há cem anos, discorrendo sobre as atividades realizadas por essa Ordem, em especial nas áreas de educação e de atendimento ao menor carente. O Vereador Adeli Sell, analisando o significado, para o País, dos cem anos de presença dos Irmãos Maristas, ressaltou a forma como a solidariedade e o convívio comunitário têm marcado as atividades realizadas por essa Ordem, manifestando seu desejo de continuidade e ampliação desse trabalho. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, ten<D>do o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Nede Soares, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes e lendo declaração de impedimento de posse de autoria do Suplente Gilberto Batista. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Garcia relembrou a figura do Irmão Marcelino Champagnatt, fundador da Ordem dos Maristas, tecendo considerações acerca dos objetivos dessa Ordem, embasados na busca de "formação de uma sociedade mais humana, dentro de uma visão essencialmente cristã". O Vereador Hélio Corbellini destacou a justeza da presente homenagem, discorrendo sobre recordações que possui das atividades realizadas pelos Irmãos Maristas e relembrando lições de patriotismo, sociabilidade e atuação política que recebeu da Ordem ora homenageada. O Vereador Cláudio Sebenelo teceu considerações acerca da presença dos Irmãos Maristas no Brasil, comentando o quadro social apresentado por nosso País há cem anos, quando da chegada dessa Ordem, e saudando, através do nome do Irmão Norberto Rauch, a toda a comunidade marista. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador João Verle, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação, o qual procedeu à entrega de documentos referentes ao Conjunto Habitacional Jardim Leopoldina. Em continuidade, foram ouvidos números musicais executados pelo Coral Champagnatt, sob a regência da Maestrina Glória Gabriel, com acompanhamento da Tecladista Elizabeth Golberth. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à entrega ao Irmão Antônio José da Silva, por Sua Excelência e pelo Vereador João Carlos Nedel, de placa alusiva aos cem anos de presença dos Irmãos Maristas no Brasil. A seguir, concedeu a palavra ao Irmão Antônio José da Silva que, em nome da comunidade marista, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Em prosseguimento, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, às quinze horas e vinte minutos, foram suspensos os trabalhos, nos termos regimentais, sendo os mesmos reabertos, constatada a existência de "quorum", às quinze horas e vinte e oito minutos. Na ocasião, o Senhor Presidente, respondendo a Questão de Ordem do Vereador José Valdir, prestou informações acerca dos encaminhamentos dados ao processo de contratação de maestro para o Coral da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente, nos termos da letra "f" do artigo 94 do Regimento, concedeu a palavra em TEMPO ESPECIAL ao Vereador Juarez Pinheiro, que discorreu acerca da questão da segurança pública em Porto Alegre, destacando problemas encontrados nas proximidades do Shopping Center Iguatemi e registrando o assassinato do Médico Milton Sant'Anna Pante. Chamou a atenção para a falta de recursos humanos e materiais observada na Brigada Militar, solicitando seja constituída Comissão Especial na Casa para contatos com o Secretário de Segurança Pública do Estado, a fim de buscar medidas que alterem essa situação. Na oportunidade, através de Questões de Ordem, os Vereadores Cyro Martini e Maria do Rosário manifestaram-se acerca do pedido de Comissão Especial efetuado pelo Vereador Juarez Pinheiro,<D> tendo o Senhor Presidente sugerido a constituição de Comissão Externa para reunião com o Secretário de Segurança Pública do Estado. Também, os Vereadores Isaac Ainhorn e Cyro Martini, através de Questões de Ordem, manifestaram-se acerca do relatório final da Comissão Especial destinada a recolher informações e sugerir providências a fim de prestar ampla ajuda e apoio às instituições policiais na busca da segurança pública. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Hélio Corbellini reportou-se ao pronunciamento do Vereador Juarez Pinheiro, acerca do crescimento observado nos índices de criminalidade de Porto Alegre, afirmando que encaminhará Projeto de Resolução visando criar, neste Legislativo, um Conselho de Segurança, para que não ocorra a omissão da Casa em um assunto tão básico para a vida dos porto-alegrenses. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo solidarizou-se com o pronunciamento efetuado pelo Vereador Juarez Pinheiro, acerca da questão da violência urbana, salientando que a criminalidade atinge as mais diversas categorias sociais, sendo atualmente um dos problemas que mais preocupa a população. O Vereador Isaac Ainhorn teceu considerações acerca da segurança pública em Porto Alegre, analisando causas e conseqüências do quadro observado nessa área e comentando Projeto de Resolução a ser encaminhado pelo Vereador Hélio Corbellini, de criação de um Conselho de Segurança na Casa. O Vereador Gerson Almeida manifestou-se acerca da Comissão Parlamentar de Inquérito constituída na Casa relativa ao Departamento Municipal de Habitação, declarando que em momento algum a Bancada do Partido dos Trabalhadores foi procurada para debater o assunto e manifestando o protesto de seu Partido face à forma como a questão vem sendo tratada. O Vereador João Dib criticou Projeto de Resolução encaminhado pela Mesa Diretora deste Legislativo, o qual amplia o número de Cargos em Comissão existentes na Casa, salientando ter encaminhado, no início deste ano, projeto em sentido oposto, visando à extinção de vinte e dois cargos. O Vereador Luiz Braz reportou-se ao pronunciamento do Vereador Gerson Almeida, acerca da Comissão Parlamentar de Inquérito constituída na Casa, relativa ao Departamento Municipal de Habitação, tecendo considerações acerca da forma como são designados os integrantes desse tipo de Comissão. O Vereador Reginaldo Pujol, discorrendo sobre o Projeto de Resolução nº 32/97, de autoria da Mesa Diretora, comentou proposta do Vereador Hélio Corbellini, referente à criação de um Conselho de Segurança neste Legislativo e salientou a importância da participação concreta da Casa na busca de soluções para os problemas hoje observados na área de segurança pública em Porto Alegre. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 05, 176 e 187/97; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Legislativo nºs 179, 182 e 153/97, o Substitutivo nº 01 ao Pro<D>jeto de Lei Complementar do Legislativo nº 15/97; em 4ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 32/97. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e foi aprovado Requerimento verbal do Vereador <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm><D>Cláudio Sebenelo, adendado pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Luiz Braz e Sônia Santos, solicitando alterações na ordem de votação da matéria a ser apreciada, votando-se, primeiramente, os Requerimentos e, após, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 64, 136, 149 e 157/97, o Projeto de Resolução nº 27/97 e o Projeto de Lei do Legislativo nº 168/97. Na oportunidade, os trabalhos estiveram suspensos das dezesseis horas e cinqüenta e oito minutos às dezesseis horas e cinqüenta e nove minutos. Após, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores Isaac Ainhorn, João Dib e Gerson Almeida, o Senhor Presidente prestou informações acerca do encaminhamento a ser dado aos trabalhos durante a Ordem do Dia. Ainda, foram formulados Requerimentos verbais pelos Vereadores Luiz Braz e Renato Guimarães, relativos à ordem dos trabalhos, Requerimentos estes retirados pelos Autores. Às dezessete horas, os trabalhos foram suspensos, para reunião conjunta de Comissões Permanentes, sendo reabertos, constatada a existência de "quorum", às dezessete horas e cinqüenta e oito minutos. Reabertos os trabalhos, o Senhor Presidente, face a manifestações dos Vereadores João Dib e Isaac Ainhorn, determinou seja encaminhado à Procuradoria da Casa consulta referente à aplicação do artigo 76 da Lei Orgânica no caso do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/97. Após, foi iniciada a votação dos Requerimentos. Foi aprovado Requerimento do Vereador Carlos Garcia, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 32/97 seja retirado de tramitação. Na oportunidade, respondendo a Questão de Ordem do Vereador Adeli Sell, o Senhor Presidente prestou informações acerca das conseqüências, para a tramitação de Substitutivo, no caso de retirada do Projeto original. Foi aprovado Requerimento do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando a renovação de votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 119/97, após ser encaminhado à votação pelo Autor. Foi aprovado o Requerimento nº 273/97 (Processo nº 3310/97 - destinação de período de Grande Expediente para homenagear o Tenente Coronel Amilcar Cassales Barros), do Vereador Adeli Sell, por vinte e três votos SIM e um voto NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Adeli Sell e Reginaldo Pujol, tendo sido submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Reginaldo Pujol, votando Sim os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Tereza Franco e Nede Soares e votado Não o Vereador Reginaldo Pujol. A seguir, foi apregoada a Emenda nº 14 ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/97 (Processo nº 1153/97), de autoria do Vereador Gerson Almeida. Foi votado o Requerimento nº 271/97 (Processo nº 3298/97 - Moção de Protesto ao descaso do Governo Estadual relativamente às condições insuficientes para a execução das atividades policiais), do Vereador Cyro Martini, recebendo onze votos SIM e dois votos NÃO, após ser <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm><D>encaminhado à votação pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Pedro Américo Leal, Isaac Ainhorn, Cyro Martini e Reginaldo Pujol, tendo sido submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Reginaldo Pujol, votando Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Pedro Ruas e Renato Guimarães e votando Não os Vereadores Paulo Brum e Reginaldo Pujol, votação esta considerada nula face à inexistência de "quorum" deliberativo. Constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente registrou estar em andamento o Seminário Nacional "60 anos do Estado Novo", promovido por este Legislativo, e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e quarenta e nove minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Paulo Brum e Guilherme Barbosa e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

                       

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Passo a palavra ao Ver. João Nedel.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro a inversão da ordem dos trabalhos, para que tratemos primeiro das Comunicações, período destinado a homenagear os Irmãos Maristas.

 

O SR. PRESIDENTE: Momentaneamente, não há quórum, mas, seguramente, nos próximos minutos, poderemos apreciar o Requerimento de V. Exa.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro um minuto de silêncio pela morte do médico Milton Sant'Anna Pante, que era uma pessoa das relações da minha família e meu vizinho; pela morte do acadêmico de Direito Fábio da Silva Borba e pela morte do motorista de táxi, assassinado na Cidade de Viamão, Fábio Osni da Rocha.

 

O SR. PRESIDENTE: Prontamente estamos aceitando e deferindo o minuto de silêncio em homenagem póstuma a essas pessoas que tão tragicamente perderam a vida. Façamos, então, neste momento, o minuto de silêncio.

 

(É feito um minuto de silêncio.)

 

Requerimento, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos, para que passemos, de imediato, para o período de Comunicações, destinado a assinalar os cem anos da vinda dos Irmãos Maristas para o Brasil.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Queremos saudar a presença de todas as pessoas que fazem parte dessa comunidade que hoje é homenageada e que faz cem anos. É um século de formação de serviços do mais alto e relevante interesse social, cultural e comunitário de nosso Estado e de nossa Cidade. Queremos saudar os Irmãos Maristas pelos cem anos em que estão no Brasil.

Este momento de Comunicações foi aprovado pela Casa, por iniciativa da Mesa e de Vereadores, principalmente do Ver. João Carlos Nedel.

Convidamos para integrar a Mesa, além do 1º Secretário que já está conosco, o Superior Provincial dos Irmãos Maristas, Irmão Antônio José da Silva, e o Sr. Reitor da Pontifícia Universidade Católica, Irmão Norberto Rauch.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa). Meus amigos, minhas amigas, alunos maristas, em especial o Coral do Colégio Champagnatt e o prezado e sempre Vereador, Luiz Vicente Dutra.

No dia 15 de outubro de 1897, chegaram da França os primeiros Irmãos Maristas e logo foram ao trabalho, localizando-se em Congonhas do Campo, em Minas Gerais. Hoje, cem anos após, no Brasil, estão presentes 551 Irmãos Maristas; são 65 escolas de 1º e 2º graus, aproximadamente 120 mil alunos e 10 mil colaboradores, entre professores e funcionários. Ainda há duas universidades, uma em Porto Alegre - a nossa querida PUC - e a outra em Curitiba, quatro editoras, sete rádios e três emissoras de TV. Os Irmãos Maristas dedicam-se, além da causa educacional, a muitas obras sociais que atendem preferencialmente menores abandonados e drogados.

Somente a título de lembrança, citamos as que estão localizadas em Porto Alegre. Obras sociais: Centro Social Marista; Creche Marista Renascer; Curso Supletivo Champagnatt; Associação de Reciclagem Ecológica Rubem Berta; Associação de Catadores de Materiais Recicláveis; Associação Profetas da Ecologia; Sociedade Amigos das Ilhas; Associação de Catadores de Materiais; Associação de Mulheres Papeleiras e Trabalhadoras em Geral; Devoção a Nossa Senhora Aparecida e um Campus Avançado da PUC/RS, na Vila Nossa Senhora de Fátima.

É com muita honra que hoje homenageamos os Irmãos Maristas e que falo em nome da minha bancada, o Partido Progressista Brasileiro, dos nossos Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, e, com muita honra, falo também em nome do PPS, do nosso estimado Ver. Lauro Hagemann.

Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores: somente em Porto Alegre são sete colégios e centros educacionais, uma universidade, a PUC, com 20 mil alunos em graduação e mil, 830 em pós-graduação. Possui 44 cursos em suas 23 unidades acadêmicas. O seu campus número um situa-se em Porto Alegre, e o número dois na cidade gaúcha de Uruguaiana.

Louve-se também o funcionamento da Fundação Irmão José Otão. Ainda em Porto Alegre, mantém o Hospital São Lucas com 55. 000 m² de construção, 550 leitos e cem consultórios médicos especializados. Junto ao hospital, situa-se o Centro Clínico, com 285 consultórios em 64 especialidades.

Lembro hoje, com satisfação, orgulho e ternura, quando em 1958 ingressei na Escola Técnica de Comércio do Colégio Santo Ângelo, concluindo o curso em 1960; no ano seguinte, ingressava no Curso de Ciências Contábeis e Atuariais na PUC, concluindo o curso em 1964, na última turma de formandos da sede do Colégio Rosário. Foram sete anos de ensinamento marista em minha vida. Também me lembro, com imenso orgulho, quando, em 1967 e 1968, tive a honra de ser professor de Contabilidade Geral na mesma Escola Técnica de Comércio em Santo Ângelo, onde estudara.

Mas o que se deve salientar são os valores maristas fundamentados no amor a Nossa Senhora, à Mãe de Jesus Cristo. O seu processo educativo tem como filosofia o espírito de família, a autenticidade e simplicidade, o espírito de trabalho e a dimensão transcendental de cunho mariano.

Pela relevância do trabalho iniciado há cem anos é que hoje homenageamos os Irmãos Maristas, cuja ordem foi fundada por Marcelino Champagnatt, em 02 de janeiro de 1817.

Não existe estatística que possa determinar, pela imensidão dos benefícios, a quantidade de pessoas atendidas pelas obras relevantes dos Irmãos Maristas.

Mais uma vez pedimos a proteção de Maria Santíssima, nossa mãe, para que todas essas ações beneméritas continuem, cada vez mais, prestando inestimáveis serviços à sociedade. Recebam nossas mais escolhidas homenagens e a certeza de que os Irmãos Maristas e suas obras melhoraram o mundo. Muito obrigado e parabéns.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Cumprimentamos o ex-Vereador Vicente Dutra pela sua presença. Queremos considerar como extensão da Mesa o Irmão Avelino Parizotto, Pró-Reitor de Administração da PUC; Professor Alcides Cerveline, Diretor do Colégio Champagnatt; Irmão Pedro Finckler, da Faculdade de Psicologia da PUC; Irmão Jaime Biazus, Diretor do Centro Social Marista; Irmão Francisco Ruzzarin, Administrador Provincial; Irmão Nadir Bonini Rodrigues, Historiador; Irmão João Castenaro, Diretor do Colégio Assunção; Irmão Luiz Bernardi, Diretor do Colégio São Pedro; Irmão Avelino Madalosso, Coordenador da Pastoral da PUC; Irmão Urbano Rehk, Professor do Colégio Champagnatt; Irmão Nicolás Rubio, Diretor da Província Provincial; Irmão Luiz Benício, Secretário Provincial. Sejam bem-vindos, assim como todos os demais. Aquele símbolo, “100 anos para cima”, tendo na base o rosto das garotas, que agora foram fotografadas, formou uma imagem muito bonita.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra pelo PT.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, caro Superior Provincial dos Irmãos Maristas, Irmão Antônio José da Silva; nosso caro Reitor da PUC, Irmão Norberto Rauch; Srs. Vereadores, Srs. Professores e alunos dos vários colégios maristas da nossa Cidade e da Pontifícia Universidade Católica.

É com grande satisfação que falo em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, em especial do Ver. Guilherme Barbosa, que foi oito anos estudante de um colégio marista na Cidade de Maceió, e do Ver. Juarez Pinheiro, que foi três anos estudante do Colégio Rosário.

Eu queria dizer a todos que os cem anos de atividade dos Irmãos Maristas no Brasil me colocam uma questão: os Senhores criaram, de fato, uma instituição, porque não são simplesmente cem anos que ficaram na História, no passado. É algo presente, concreto, através de ações e obras que estão aqui e ali, em vários pontos do País, particularmente aqui na nossa Cidade, para ser visto, mas não apenas isto, mas para que centenas, eu diria, milhares de pessoas possam usufruir deste trabalho incansável de um século de muitas lutas e de dificuldades, porque foram desbravadores, iniciaram trabalhos importantes na área da educação, da saúde. E agora, como disse o Ver. João Carlos Nedel, numa série de atividades, congregam pessoas que, se não fosse esse tipo de trabalho, continuariam excluídas do processo econômico e social. São entidades que são fomentadas pelos Irmãos Maristas, como o exemplo dos catadores de lixo da Associação de Mulheres, que, instigadas, apoiadas, suportadas por esse tipo de trabalho dos Irmãos Maristas, vêm mostrar que é possível, pelo trabalho solidário, de comunhão de pessoas, nós podermos conquistar muitas coisas, porque isto serve, sem dúvida nenhuma, de um excelente exemplo para a nossa Cidade e nossa juventude.

Também estão aí os exemplos dos Colégios Rosário, Champagnatt, Assunção, a PUC, enfim, o apoio que se dá a outras atividades extraclasse, atividades na área da cultura, do lazer, do desporto.

Quero dizer aos Srs. Diretores desse Colégio, aos professores, ao Irmão Norberto, que é de fundamental importância que esse trabalho tenha continuidade, porque, infelizmente, nós vivemos num país de dificuldades. Nós precisamos, mais do que nunca, ter esses colégios, os seus pátios, os seus parques, as suas pistas de esportes e diversão abertos às comunidades, em atividades de congraçamento com outras instituições. Muitas vezes os nossos jovens não têm esse espaço nos seus locais de moradia. São poucos os espaços, e precários. Os poderes públicos municipal, estadual e federal não têm, muitas vezes, condições de abrir o espaço que os Senhores, através de suas instituições, podem abrir e que, tenho certeza, abrem.

Fazemos daqui uma reivindicação - creio estar reivindicando em nome não só dos Vereadores, mas da comunidade de Porto Alegre: continuem no projeto de abrir os seus colégios, as suas instituições às comunidades, para que principalmente a nossa juventude tenha um lugar para o esporte, para a cultura, para o lazer. Como é bom ver que as suas bibliotecas estão abertas a esse público que, muitas vezes, não tem acesso aos livros, não tem acesso àqueles bens que são fundentes com a cidadania! Reivindicamos, também, que continuem o processo que vem se desenvolvendo com as comunidades carentes, com a periferia da nossa Cidade.

Imaginem, jovens, senhores, senhoras que aqui estão, se os desempregados, moradores de vilas com enormes dificuldades, não encontrassem apoio, garra, determinação para fazer daquilo que é jogado fora, que é lixo, que não se usa mais, uma reciclagem, um trabalho de preservação da natureza. Imaginem trazer aquilo que não era nada para aquilo que pode ser muito, porque é o sustento para aquelas pessoas, e que é muito, também, para a preservação da natureza. Os Senhores terão, cada vez mais, o papel de transformar aquilo que é insignificante para alguns, aquilo que é nada para muitos em muito para aqueles que não tiveram condições de acesso ao trabalho, à educação, ao lazer, à cultura. E neste sentido os Senhores continuarão a prestar um inestimável serviço à comunidade da nossa Cidade e do nosso Estado.

Tenho certeza de que, nestes momentos difíceis em que muitos estudantes e suas famílias se encontram, terão a generosidade para que, nas dificuldades, esses jovens e crianças possam continuar estudando nessas instituições, porque, se perderem esse espaço, talvez não encontrem espaço em escolas públicas. Sem dúvida, não encontrarão espaço em escolas públicas de 3º grau, porque é em cursos noturnos da Pontifícia Universidade Católica que esses jovens trabalhadores encontram espaço para estudo; portanto, encontrarão seu futuro naquele momento em que se abre um curso nessa Instituição. Também, é nessas instituições, talvez com uma taxa de matrícula menor para determinados cursos, através de crédito educativo - e neste particular chamo a atenção para o quanto é importante este investimento, porque é um investimento no futuro de novas gerações -, que encontrarão luz em seus horizontes.

Finalmente, quero dizer que, se depender da Câmara de Vereadores, as instituições dos Irmãos Maristas terão sempre o nosso apoio. Tenho certeza que cem anos é apenas o começo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Peço licença para dar posse ao Vereador que substituirá o Ver. Antonio Hohlfeldt, que pede licença para tratamento de saúde no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença do Ver. Antonio Hohlfeldt e dada posse ao Suplente conforme consta da Ata.)

 

Queremos considerar como extensão da Mesa o Frei Achiles Chiapp; a Irmã Jacira Onzi, Diretora do Hospital Mãe de Deus; o Sr. Wilmar Govinatzki, representando a FEDERAPARS; o Prof. Romeu Klein, representando o Colégio Bom Conselho. Sejam bem-vindos!

Solicitamos ao Ver. Guilherme Barbosa que assuma a Presidência dos trabalhos por alguns instantes.

 

O SR. PRESIDENTE (Guilherme Barbosa): O Ver. Carlos Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Caríssimos Irmãos e alunos maristas, falar em cem anos parece muito tempo, mas quando se fala em educação é falar em quase nada, porque educação não tem tempo; é algo que é presente, é futuro, mas, ao mesmo tempo, também é passado.

Por falar nesse passado, que parece longínquo, mas não é, lembramos da figura do Ir. Marcelino Champagnatt, que através da sua vontade conseguiu fazer com que, ao longo do mundo, em diversos países, a sua vocação fosse cumprida, ou seja, aglutinar homens em prol da mesma missão, em prol da educação para a formação de jovens e, conseqüentemente, a formação de uma sociedade bem mais humana, dentro de uma visão essencialmente cristã. Hoje, no Brasil, esse complexo possui mais de sete mil professores, mais de cem mil alunos. Agora, ao mesmo tempo, quero mencionar a responsabilidade que os Irmãos Maristas têm na área de formação. Milhares de pessoas concluem seus estudos dentro dessa visão - enfatizo novamente - cristã. Isso é algo que devemos levar para a nossa vida, mas, ao mesmo tempo, levar no nosso dia-a-dia, porque o ensinamento cristão deve ser, antes de tudo, vivenciado. A PUC, especificamente, nesses últimos tempos, adotou um “slogan” que busca muito a qualificação: “Mil para o ano 2000”. Quantas e quantas vezes já ouvi o Sr. falar nisso, Irmão Norberto Rauch. A PUC quer que no ano 2000 tenha-se mil docentes com titulação de doutorado. Ou seja, aquilo que a universidade busca, que é ensino, pesquisa e extensão, a PUC sabe fazer muito bem, porque teve como meta a qualificação docente. Portanto, a educação não se faz somente com boas intenções. Tem que ser feita com firmes propósitos e, quando o firme propósito é sempre dentro dessa sustentação assegurada na figurada de Cristo, fica bem mais fácil.

Irmão Norberto, eu nunca fui marista, eu sou lassalista, mas o meu filho, o Sr. o conhece, estuda na PUC. Ele foi bicampeão brasileiro nos jogos universitários e foi o único atleta que participou da Universidade, neste ano, representando o Brasil. Das obras assistenciais que se fazem lá dentro, eu cito uma em que a comunidade se beneficia seguidamente, que é a Vila Fátima. Isso é a materialização da fé em obras, que é o que São Paulo sempre nos disse. Em Porto Alegre há os Colégios São Pedro, Assunção, Rosário e o próprio Champagnatt, que é junto da PUC, e cujos alunos estão aqui presentes.

Caríssimos maristas, parabéns pelos seus cem anos. Parece muito tempo, mas não é. Parabéns também pela mensagem “Novo Século, vida nova”. É o que buscamos: vida nova, plena para todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

  

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Eu não estava inscrito, mas fiz questão de falar sobre esta idéia gostosa do Ver. João Carlos Nedel, de reverenciar os cem anos dos Irmãos Maristas. Eu queria, com a licença de todos, traçar as minhas experiências junto aos Irmãos Maristas porque os culpados de eu estar aqui são eles, os Irmãos Maristas.

No dia 24 de agosto de 1954, no anexo ao Champagnatt, no Colégio São José, que era um embrião, passaram os caças da Aeronáutica, sobrevoando o 18 RI porque nosso Presidente da República tinha-se suicidado, e nós não sabíamos. O saudoso Irmão Artur pegou aquele conjunto de meninos, todos filhos de operários vindos ou do Partenon ou da Vila Maria ou da Vila São José, e nos deu aula de nacionalismo e do que estava acontecendo no Brasil. O Irmão Artur nos dava aula de português, matemática, latim, francês e, quando eu chegava em casa e meu pai chegava da obra, ele me perguntava: “Mas que raios! Este colégio dá francês, latim?” Já naquela época, em 1954, e nós, uma família humilde, não entendíamos.

Passou o exame de admissão - fizemos no Rosário - e na 1ª série encontrei outro Irmão - lamentavelmente não recordo o nome, mas os Irmãos irão lembrar-se - que me levou ao escotismo. Ali eu tive a primeira aula de sociabilidade. Filho de colono, bronco, com muita dificuldade de comunicação, através do escotismo eu aprendi a me sociabilizar e a entrar em contato e a respeitar a natureza.

O segundo passo foi entrarmos na Ação Católica, onde começamos a descobrir a importância da justiça social, numa época em que a Igreja Católica Romana começava a discutir os seus destinos, a sua atualidade, com a “Rerum Novarum”. E através da justiça social eu aprendi a discutir qual era, afinal, o papel do católico romano na política. E foi através do Grêmio Estudantil Rosariense - GER - que nós tivemos a nossa primeira experiência na política.

Depois disso, fizemos o Científico, com muita dificuldade, porque não era um bom aluno, porque, depois que a gente aprende ou gosta do movimento estudantil, não consegue harmonizar o estudo com a atividade da evangelização, na época na necessidade de cooptação de companheiros para essa nova mensagem. Andávamos o Estado inteiro tentando criar núcleos de JEC, de ação católica, que vieram com o tempo a redundar em organizações políticas clandestinas. E por ali a minha vida se derivou! Em 1964, na PUC, rompemos nossas ligações, naquele momento de forma agressiva, mas após nos reencontramos porque eu fui reencontrar a missão Marista em Moçambique, mais precisamente em Beira, naqueles colégios que lá têm, através da obra do Irmão Paconio.

Fiz questão de fazer uma intervenção nesta linha porque eu tinha certeza de que todos aqueles Vereadores que me antecederam iam colocar, com melhor brilhantismo do que eu, as obras, os acúmulos e avanços dos Irmãos Maristas. Mas, às vezes, necessariamente não é só educação formal que forma a integridade do homem; a integridade do homem vai além da educação formal. São todos esses aparelhos que são incentivados, ou criados pelas instituições para que a pessoa consiga se referenciar no mundo de formal global, de forma a poder se constituir como um cidadão. Os culpados de eu estar aqui, não sei se bem, ou mal, são os Irmãos Maristas, porque a minha cabeça foi toda criada por eles. Até hoje eu brinco que o meu é o Irmão Cechin. Lá trabalhando com os excluídos dos excluídos, seguidamente nós conversávamos, porque desde que ele veio de Roma eu o acompanho, e fez a nossa cabeça junto com o Irmão Arlindo, Irmão Rubem e outros irmãos que esqueço agora, mas que foram de uma importância fundamental na cabeça de uma geração. Isso nos dá a tranqüilidade.

Há esta máxima: “Novo século, vida nova”. Se os Irmãos Maristas - e esse é o grande desafio, não só para os Irmãos Maristas, mas para todas as instituições semelhantes a ela - conseguirem recriar os paradigmas que foram colocados para nós e que tantos jovens estão esperando neste período de formação, nós conseguiremos, sim, no terceiro milênio, termos uma sociedade, sem dúvida nenhuma, mais justa, mais solidária e mais fraterna. Muito obrigado por tudo que fizeram por mim e por nós.

    

(Não revisto pelo orador.)

  

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Gostaríamos hoje, nessa evocação magnífica que se faz na data dos cem anos da vinda dos Irmãos Maristas, falar jamais na primeira pessoa, e é inevitável que eu diga que qualquer das pessoas que está aqui hoje, tenho certeza absoluta, têm ou tiveram parentes, amigos ou familiares, sendo polida a sua educação, a sua personalidade pelos Irmãos Maristas. Inclusive, na minha família, há quatro pessoas.

Há seis anos, encerrei na PUC o meu curso de Ciências Sociais e tenho orgulho de dizer que, além de me polir como uma pessoa voltada para o social, a Pontifícia Universidade Católica proporcionou-me dividendos fantásticos sob o ponto de vista intelectual e de personalidade, mesmo eu estando a me formar ultrapassando os 50 anos de idade. Então, evidentemente que todo este meu pronunciamento é muito mais do coração do que da razão, porque é um pronunciamento ditado pela emoção de ter se misturado aos jovens que, entendido fisicamente, sentido epidermicamente aquilo que todas as pessoas sentem quando vamos pela Av. Ipiranga... Olhamos para a direita e temos um monumento à educação e, à esquerda da mesma avenida, um monumento à saúde. Sabemos que aquilo são prédios. Não são aqueles prédios que constituem a PUC. Fazem parte. A PUC é aquele mar de alunos que, diariamente, freqüentam seus bancos escolares. A PUC é aquele mar de professores que ensinam àqueles alunos hábitos de conhecimento e de saber. Mas a PUC hoje tem um símbolo, um símbolo da postura em relação à educação, um símbolo da esperança - este novo século de vida nova - mas principalmente representa uma história. E para entendermos a gênese da PUC temos que pensar num Brasil de cem anos atrás, que não se falava em nada mais do que um governo monárquico, centralizado, recém saindo da Monarquia e passando para a República, e não deixando de ser monárquico porque era uma cabeça só que pensava.

Faço um parêntese para vocês entenderem o quanto eu dou importância a esse fato: hoje pela manhã, eu estava preparando no computador uns “slides” para apresentar em uma jornada de cirurgia no hospital onde trabalho em Caxias do Sul. No último “slide”, eu sugeri que colocasse assim: “Mérica, Mérica, Mérica, cosa sará questa Mérica”. Quer dizer, o que será dessa América? Esse pioneirismo dos italianos que vieram para cá, assim como os alemães, esses Irmãos Maristas sentiram na pele a mesma coisa. Eles vieram do nada, do zero absoluto, fizeram esta instituição que tem, como princípio, o respeito a uma sociedade, a formação dos seus jovens, da jóia mais preciosa que uma sociedade pode ter, que é este diamante bruto que é o jovem brasileiro. Tantos homens que de lá saíram e que são vultos nacionais hoje!

Por esses cem anos de educação, também voltados para a área da saúde, importantíssimos, voltados para o norte do nosso povo, esses cem anos com a sua seta voltada para a esperança de um novo século, de uma vida nova, eu saúdo, na presença do nosso Superior Provincial e do Reitor Magnífico da PUC, toda uma coletividade de professores, de alunos, de funcionários da PUC, que fazem o seu dia-a-dia, mas, principalmente, o que a PUC simboliza para o nosso País, para a juventude, para todos os brasileiros é a grande chama da esperança de um país tão grande e melhor do que é este Brasil atual e que a PUC tanto tem contribuído por todas estas gerações que lá passaram e que, certamente, vai contribuir muito mais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Nós temos a satisfação de anunciar que está presente, na Casa, o Ver. João Verle, hoje Diretor-Geral do DEMHAB, que hoje nos apresentou alguns documentos esclarecedores sobre as questões que estão acontecendo no Jardim Leopoldina. Eu queria agradecer, em nome da Casa, a presença do Diretor que, diligentemente, vem trazendo as informações a todos os Vereadores sobre este assunto tão importante.

Anunciamos agora uma surpresa, preparada pelo Ver. João Carlos Nedel, como sempre, surpresas boas: o Coral Champagnatt, que vai apresentar duas músicas: “Sonhas” e o “Hino do Centenário”. A regente é a Profa. Glória Gabriel e a tecladista é a Sra. Elizabeth Golberth.

 

(É feita a apresentação do Coral.)

 

“Neste momento, a Câmara Municipal de Porto Alegre cumprimenta e agradece pelos cem anos de trabalho dos Irmãos Maristas na construção de um novo amanhã. Porto Alegre, 29 de outubro de 1997.”

Essas são as palavras que estão contidas na placa que será entregue ao Irmão Antônio José da Silva como homenagem da Casa. Convido o Ver. João Nedel para, em nome de todos nós, proceder à entrega da placa.

 

(É feita a entrega da placa.)

 

Está com a palavra o Irmão Antônio José da Silva, que fala em nome dos homenageados.

 

O SR. ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA: Sr. Presidente, Vereador que nos presta esta homenagem, Srs. Vereadores que nos homenagearam e ocuparam a tribuna para salientar momentos importantes destes cem anos, Sras. e Srs. Vereadores, autoridades aqui presentes e a grande família marista. A experiência nos mostra que as luzes ofuscam a vista, a correnteza provoca vertigens. Nós, Irmãos Maristas, acostumados com o princípio da simplicidade, da modéstia, da humildade, diante de momentos como este, ficamos ofuscados. Muitas vezes nos provoca vertigens, partindo de origens tão simples quanto foram os primórdios da Congregação Marista em 1817 com o Pe. Marcelino Champagnatt; partindo dos começos da presença dos maristas no Brasil, chegados em Congonhas do Campo; partindo dos começos muito humildes e pobres dos primeiros irmãos que aqui chegaram no Rio Grande do Sul, Bom Princípio. Nós nos sensibilizamos e nos comovemos com momentos como este, celebrações e homenagens que nos são prestadas. Recebemos esta homenagem como um agradecimento, sensibilizados; recebemos como uma homenagem àqueles que escreveram esta história de cem anos, história esta que nós, hoje, estamos recebendo e tentando passar adiante com fidelidade, com honestidade, com sinceridade. Recebemos esta homenagem destinada a nós, sim, mas dedicada também, e na mesma proporção, a todos aqueles e aquelas que fizeram e fazem parte dessa história centenária: professores, professoras, funcionários, funcionárias, colaboradores nossos, pais e alunos e, principalmente, esse exército tão numeroso de jovens que participaram dessa epopéia, dessa caminhada centenária. Recebemos esta homenagem e a transmitimos, a tornamos extensiva aos jovens, aos educadores, a todos os que hoje estão constituindo esta história. Portanto, o nosso agradecimento a esta Câmara é um agradecimento pessoal, é um agradecimento de toda a família marista por esta tão bonita e tão sincera homenagem. Se o primeiro centenário passou, se o lema nos diz “Novo século, vida nova”, significa que nessas homenagens todas, da comunidade brasileira, da comunidade rio-grandense, da comunidade de Porto Alegre, essas homenagens querem nos dizer um desafio. Estamos sendo provocados, desafiados para o novo século, e isto também nos assusta. Aqueles primeiros, com tão poucos recursos iniciaram essa história tão grande e tão bonita. O que o novo século estará esperando desta geração que está iniciando esta caminhada do segundo centenário? Temos mais recursos, temos mais condições, por isso sentimos o grande desafio, a provocação e o apelo muito forte de continuarmos sendo sinal de esperança, esse sinal de apoio para as novas gerações brasileiras - e eu diria mais: outros horizontes nos acenam. Os senhores e as senhoras sabem que nós, Irmãos Maristas, temos presença, como já foi salientado, em Moçambique, em Angola e em outras partes do mundo - apelos que são dirigidos a nós, Irmãos Maristas, apelos que são dirigidos a educadores e colaboradores nossos, que sentem o mesmo chamado para levar o seu apoio, a sua colaboração a jovens, a cidadãos de Angola, de Moçambique e de outras terras.

Por isso agradecemos esta homenagem e agradecemos este incentivo, este apoio que esta homenagem representa. E esperamos colocar as bases para o segundo centenário com coragem, com fidelidade e com muita honestidade para que possamos, na nossa missão de Irmãos Maristas, de educadores e educadoras maristas, dar aos destinatários da nossa missão diplomas, condições de trabalho, capacitação, mas, ao mesmo tempo, dar-lhes referências de vida. Muito obrigado por esta homenagem prestada por esta Casa.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com as palavras do Irmão Antônio José da Silva nós estamos encerrando este momento do período de Comunicações destinado a homenagear os cem anos da presença dos Irmãos Maristas no Brasil. Queremos agradecer muito a presença de todos, os irmãos, as irmãs, dos professores, dos estudantes, do coral. Gostaria de dizer que a Câmara, nesta semana em que se comemora a Semana do Servidor Público, teve uma novidade muito importante, pois estamos criando, e já cantaram aqui para nós na quinta-feira passada, o Coral da Câmara Municipal.

Gostaríamos de agradecer, em especial, ao Reitor da Pontifícia Universidade Católica, Irmão Norberto Rauch, que sempre se faz presente e prestigia esta Casa, que nos homenageou, também, com uma placa e que consideramos muito significativa.

Agradecemos a todos os presentes e suspendemos os trabalhos para as nossas despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h20min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h28min): Estão reabertos os trabalhos. O Sr. José Valdir está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, aproveitando que V. Exa. se referiu elogiosamente ao coral aqui da Câmara, do qual tenho a honra de participar, queria que V. Exa. me informasse, se possível, em que estágio está o atendimento à reivindicação que fizemos de alocação de um regente para que a gente possa desenvolver o coral com mais qualidade do que ele já tem.

 

O SR. PRESIDENTE: Este assunto está sendo encaminhado com muito afinco pelo Diretor-Geral Adalberto Reck, com a participação do pessoal do Memorial e Relações Públicas. Já houve um primeiro encaminhamento provisório, onde tivemos uma maestrina nos dando essa orientação. Seguramente, nos próximos dias, vão poder anunciar qual será realmente o maestro ou maestrina do coral. Por enquanto, não tenho essa informação objetiva, mas o certo é que o grupo do coral também está se movimentando para que nós o tornemos oficial, para que seja reconhecido. A Mesa vai discutir isso na quinta-feira, amanhã, na reunião de Mesa, para verificar como deve ser encaminhado o assunto. Aí essas outras providências serão correlatas.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente, este Vereador requer Tempo Especial para uma questão relativa à segurança.

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência já havia tomado conhecimento do assunto, que considera relevante e de interesse comum dos Srs. Vereadores, motivo pelo qual defiro de imediato seu requerimento.

Mas, pelo que a Mesa sabe, haverá inversão da ordem dos trabalhos - entraremos primeiro na Ordem do Dia. Se os cinco Srs. Vereadores que estão inscritos na Pauta - e esta é uma proposta da Mesa - concordarem em não usar a palavra, poderemos garantir a entrada de alguns processos nas Comissões.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que se inverta a ordem dos trabalhos, passando-se à Ordem do Dia e, depois, aos Requerimentos.

 

O SR. PRESIDENTE: Assim que o Ver. Juarez Pinheiro se manifestar, colocaremos em votação o Requerimento de V. Exa.

Com a palavra, o Ver. Juarez Pinheiro em Tempo Especial.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tentamos não usar o tempo de Liderança para tratar desse assunto, mas o faremos pela sua importância nos trabalhos de hoje. Por isso, requeremos esse tempo com a maior tranqüilidade.

Diz uma letra da música popular brasileira que a pior saudade é sentida ao se arrumar o quarto do filho que já morreu. Moro num dos bairros que todos conhecem, numa região que, ultimamente, recebeu uma série de equipamentos e o acréscimo de área construída, ontem inaugurada, do Shopping Iguatemi. Quando me desloquei para aquela região, era tranqüila, com poucos estabelecimentos comerciais, distando aproximadamente um quilômetro da Assis Brasil. E essa região, com o advento, em 84, do Shopping Iguatemi, adquiriu uma importância extrema para a Cidade, aumentando, em muito, o número de moradores e de pessoas lá circulantes.

Há duas semanas, solicitamos ao 11º Batalhão da Brigada Militar, sediado naquela região, uma reunião com a comunidade porque - pasmem, Srs. Vereadores - um único supermercado foi assaltado sete vezes; houve casos de cárcere privado; roubos a dezenas de carros, cidadãos sendo abordados a cada momento. E isso, apesar de lá estar instalado o 11º BPM. A comunidade sente-se completamente desassistida. É claro que sabemos as causas profundas desse número excessivo de delitos que ocorrem não só naquele bairro, como na Cidade, no País e em toda a América Latina, mas é possível que o Poder Público tome algumas atitudes. Temos um exemplo, que são as portas para segurança bancária, que, depois de haver uma lei municipal votada por esta Casa, fez com que diminuíssem os assaltos - e aí se elogia o trabalho da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da legislatura passada, que ajudou a implementar essa lei. Eu também trabalhei nessa lei e no seu decreto regulamentador. E os delitos diminuíram. Isso prova que o Poder Público pode ter atitudes concretas, atitudes que fazem diminuir a delinqüência.

Quero dizer aos Senhores que, há duas semanas, avisamos a Brigada Militar que estava insuportável relatar todos os casos ao Tenente-Comandante daquele pelotão, responsável por aquela região da Cidade. E pasmem, Senhores: recebemos a informação de que havia apenas uma camionete Ipanema e não mais do que meia-dúzia de soldados para fazer o trabalho preventivo, desde o Shopping Iguatemi até o Bourbon, na Assis Brasil. Naquela mesma data, marcamos com o Tenente Mendes uma nova reunião para o dia 03 de novembro. Infelizmente, para a família Pante, um médico de família humilde, que eu vi crescer, que estudou nos bancos escolares com o meu irmão, no Colégio Dolores Alcaraz Caldas, infelizmente, para essa família as providências tardaram muito. E nós tínhamos avisado que seria insuportável, que uma camionete Ipanema e meia-dúzia não poderiam ser responsáveis para dar cobertura preventiva da Brigada naquela região face à evolução que aquela região da Cidade atingiu. Essa mãe está inconsolada, essa mãe não tem mais como sorrir, essa mãe não consegue sequer arrumar as roupas do filho que já morreu. Mas não ficou por aí, e a Cidade está enlutada com outros acontecimentos.

Faço um apelo a todos os Líderes desta Casa para que venhamos a tomar atitudes mais fortes, para que tenhamos aquela conversa com o Sr. Secretário de Segurança Pública para requerer mais equipamentos, mais recursos humanos, porque não é mais possível. E hoje venho aqui não para brilhar, porque não sei fazer isso e não sou bom orador. Eu venho a pedido daquela comunidade que está estarrecida, porque depois da morte do médico, na Rua Artur Carneiro, esquina João Wallig, no outro dia houve um assalto a mão armada a um posto de gasolina localizado nesta mesma rua, esquina João Wallig.

Concedo um aparte ao Ver. Isaac Ainhorn.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Nobre Vereador, há alguns dias eu tive a oportunidade de fazer uma manifestação em Comunicação de Líder sobre o assunto, que é de tal gravidade que, a meu juízo, o Sr. Presidente andou bem em ter concedido a V. Exa. o tempo para assunto relevante, quando V. Exa., de forma emocionada, procura sensibilizar os Vereadores desta Casa para uma posição em relação à questão da segurança em que todas as Lideranças da Casa e a Mesa Diretora tenham uma conversa com o Sr. Secretário de Segurança Pública para dar a real dimensão do problema que estamos vivendo na Cidade de Porto Alegre.

Eu tenho informação de que o número de assaltos a mão armada, hoje, em Porto Alegre, é assustador e dramático. Tive conhecimento, hoje pela manhã, que o Capitão Quadros, sediado na Vila Farrapos, foi baleado na perna ontem. Esses são fatos isolados de que temos conhecimento, e a imprensa não vem registrando até para não criar um clima maior de comoção. Mas a verdade é que esta Casa deve impor uma posição urgentemente. Louvo a preocupação de V. Exa. A questão segurança não é de competência municipal, mas somos agentes políticos da Cidade de Porto Alegre e, como tal, não podemos ficar omissos frente a isso.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Isaac Ainhorn, V. Exa., com a experiência de nove anos nesta Casa, teve a sensibilidade e, com o brilho que o caracteriza, faz com que esta minha intervenção fique ampliada e que se possa transmitir, em primeiro lugar, a seguinte questão: trago não a minha voz, mas a voz daquela comunidade que implora - Ver. Cláudio Sebenelo, que lidera a Bancada do PSDB -, que implora, Vereadores do PMDB, que implora, Vereadores do PTB, que V. Exas. sensibilizem o Governo Estadual para que coloque naquela região, que recebe, além de seus moradores, diariamente, milhares de pessoas - é óbvio que atrai também os meliantes, criminosos que assaltam aquela comunidade -, mais viaturas, ou outra camioneta Ipanema para fazer o trabalho preventivo do Iguatemi e Bourbon. Não é um trabalho sério.

Em segundo lugar, esta Câmara de Vereadores precisa ser chamada à colação. Faço um apelo às Lideranças dos diversos partidos para que, secundando as palavras do Ver. Isaac Ainhorn, venhamos, através de seu Presidente, da Mesa Diretora desta Casa, tomar a providência de, imediatamente, se possível amanhã, termos uma reunião com o Secretário da Segurança Pública e exigir que, nesses pontos de debilidade de policiamento, falta de equipamento e de recursos humanos, a Cidade seja suprida.

 

 

Srs. Vereadores, esta Casa precisa ter sensibilidade. A Cidade está apelando às autoridades, sejam estaduais, sejam a seus representantes legitimamente eleitos e que hoje compõem esta colenda Câmara de Vereadores, para que se tome uma atitude. Esse é o segundo recado: Srs. Vereadores, façamos, através da Mesa Diretora, coordenada por nosso Presidente, uma Comissão, e nos dirijamos ao Secretário de Segurança Pública para que possamos colocar a nossa intranqüilidade, para que possamos passar a sensibilidade da população que está atemorizada.

A Vera. Maria do Rosário, que preside a Comissão de Direitos Humanos desta Casa, pediu aparte e eu, com muita honra, concedo.

 

A Sra. Maria do Rosário: Sr. Presidente, Sr. Ver. Juarez Pinheiro, eu consultei rapidamente os nossos colegas da Comissão de Direitos Humanos, Ver. Isaac Ainhorn e Ver. Hélio Corbellini, aqui conosco, e decidimos estabelecer como pauta principal da reunião de amanhã da Comissão, em sessão ordinária, este tema. Certamente nós estamos sendo todos chamados e é hora de nos mobilizarmos não de forma fragmentada, vendo a situação da violência em um bairro ou em outro.

Quero dizer que a situação da violência em Porto Alegre, na Região Metropolitana, dá-se como um fenômeno integrado, em todos os bairros e em todas as regiões. O que existe neste momento, de mais significativo, na minha avaliação, é que a nossa comunidade está dizendo “basta” e está buscando uma atitude positiva das autoridades no sentido de que exista ação preventiva contra a violência. Ouvi isso ontem de um taxista. Disse: “Não é possível que se tomem medidas de barreira somente no momento em que mais um taxista é assassinado”. Da mesma forma, em relação a todas as demais situações de violência, entre elas, mais uma vez, na semana passada, uma situação em que, de um mesmo posto assaltado, o posto Banrisul da PUC, foram levados reféns e mais uma vez houve uma situação de confronto aberto numa rua da Cidade, que é perto do bairro onde moramos, por coincidência. Amanhã trataremos essa questão no primeiro ponto de pauta na Comissão; os Srs. Vereadores são nossos convidados. A Comissão debaterá a matéria. Vamos analisar aqueles resultados apresentados pela Comissão Especial também e outras propostas de Vereadores. Concluo dizendo que é hora de Porto Alegre também atuar como fez o Rio de Janeiro e como fez São Paulo, contra a violência, numa campanha aberta, que a população participe diretamente, chamando a atenção das autoridades.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Eu queria dizer que não trago esta questão de forma fragmentada, porque entendo que esta questão é global e envolve o próprio sistema econômico que nós vivemos e a preocupação de toda a Cidade. Mas quero dizer que a Brigada Militar nos passou um número de telefone, na reunião que fizemos, duas semanas antes desse acontecimento da morte do médico. Infelizmente, os dois ladrões, os dois assassinos sacrificaram a vida desse jovem médico, que conseguiu, bravamente, estudar em colégio público e atingir a graduação no curso de Medicina, fazer a residência, com muito sacrifício. Mas, infelizmente, o número de telefone dado estava ocupado. Os meliantes tinham sido reconhecidos pela comunidade e, por azar desse médico, os policiais militares não puderam ser avisados, porque, se o fossem, poderiam ter evitado esse assassinato. Há necessidade de, pelo menos, mais um telefone, mais viaturas, mais recursos humanos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini, da Bancada do PSB, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

Ver. Hélio Corbellini, peço que aguarde um segundo, pois há uma solicitação do Ver. Cyro Martini.

 

O SR. CYRO MARTINI (Requerimento): Nobre Presidente, queria fazer um Requerimento, juntando-o ao formulado pelo ilustre Ver. Juarez Pinheiro, para que, na oportunidade em que esta Casa mantiver contato com o Sr. Secretário da Segurança Pública, lhe seja entregue o Relatório elaborado pela Comissão Especial, cujo propósito foi justamente estudar e recolher informações acerca desses problemas de segurança pública. Esse relatório foi recentemente encaminhado a V. Exa., demonstrando a preocupação que existe, há muito, nesta Casa, acerca da segurança pública. Mostra também, através do relato muito bem colocado do Ver. Pedro Américo Leal, todas as preocupações e nossas sugestões, da Comissão Especial, em relação à matéria. Por isso, entendo eu deve ser encaminhado junto com o Requerimento do Ver. Juarez Pinheiro. Este é o outro requerimento que ora formulo, para o qual se possa entregar ao Secretário da Segurança Pública o relatório da Comissão Especial de Segurança Pública.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu queria informar que recebi de V. Exa. um ofício dizendo que a Comissão tinha encerrado os seus trabalhos, mas confesso que ainda não está nas minhas mãos o Relatório. Vou providenciar imediatamente para ver onde está, já que V. Exa. está dizendo que já o remeteu. Eu assinei o visto no ofício, dizendo que a Comissão havia encerrado o trabalho.

A Mesa entende que seria interessante formar uma comissão externa para fazer essa demanda, em vez de comissão especial. Vou consultar a Diretoria Legislativa para ver qual será a melhor forma de encaminhar isso. Uma comissão externa será formada para sair desta Casa e ir a um determinado lugar tomar as providências e voltar. Se for o caso, faz-se uma comissão especial logo após, porque existe uma comissão na Câmara tratando desse assunto cotidianamente: a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. A comissão externa poderia ser formada por proposição da Mesa ou do Plenário - o Ver. Juarez Pinheiro já fez a proposta, incluindo, agora, o Relatório da Comissão Especial, presidida pelo Ver. Cyro Martini - ou nós estaríamos representados pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos.

O Relatório - para esclarecer o Ver. Cyro Martini e demais Vereadores - não havia, realmente, chegado às mãos do Presidente, informa-me a Diretora Legislativa, Dra. Inês Haffner, porque faltava a assinatura do Ver. Isaac Ainhorn. Está sendo assinado e vai ser entregue. Aliás, vai ser entregue sem a assinatura do Ver. Isaac Ainhorn.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a minha Questão de Ordem trata do art. 57 da seção III do nosso Regimento: das comissões temporárias. Eu faço esta Questão de Ordem no sentido de que nós já possamos ir encaminhando, refletindo sobre a matéria. Na verdade, Sr. Presidente, quando nós constituímos uma comissão externa, ela não tem somente a tarefa de representação em determinada questão, ou seja, levar um documento e voltar. A comissão externa, nos mesmos termos que a comissão especial, tem, a partir do art. 57 do Regimento, a sua forma de constituição e estabelece para ela o prazo de 30 dias para funcionamento, como as demais comissões temporárias, diferentemente da comissão permanente.

A minha Questão de Ordem é: por que estamos estabelecendo várias comissões externas com uma inflexão que não é precisa no Regimento? A comissão externa tem 30 dias de funcionamento. Constituindo-a agora, estaríamos ingressando com ela na possibilidade do recesso, já - 30 dias mais 30 dias. Acho que poderemos acordar uma forma de trabalhar com as Lideranças, com a Mesa e com a Comissão Permanente que trata da matéria, que tem reunião amanhã sobre o tema.

 

O SR. PRESIDENTE: Os esclarecimentos auxiliam a Mesa.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): A boa prática parlamentar recomenda que as assinaturas dos trabalhos das comissões sejam colhidas em reunião. Tenho conhecimento da dificuldade que teve o Ver. Cyro Martini, que se comportou com a altura de um parlamentar sério e responsável de colher as assinaturas.

Sugeri ao Presidente da Comissão de Segurança que fizesse, pela relevância do tema, a reunião, pois não foi apenas este Vereador que não assinou ainda o Relatório, até porque tem questionamentos a fazer a respeito dele, uma prerrogativa que o Vereador tem, o que só pode ser feito no âmbito da Comissão. O Ver. Reginaldo Pujol e o Ver. Hélio Corbellini também não o assinaram. Sugeri que se fizesse uma reunião para debater, discutir e assinar o documento como corolário do desenvolvimento dos trabalhos de uma comissão de natureza temporária.

 

O SR. PRESIDENTE: Este Presidente não quis criticar V. Exa. por não ter assinado; poderia tomar conhecimento sem assinatura. É que a Mesa não tomou conhecimento e havia a falta de assinaturas. Então, mesmo sem assinatura, eu gostaria de recebê-lo, pelo menos informalmente. V. Exa. tem razão: o assunto deve ser discutido no âmbito da Comissão, uma vez que V. Exa. é da Comissão e está reivindicando isso.

 

O SR. CYRO MARTINI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós convocamos, formalmente, duas reuniões para discutirmos e votarmos o Relatório do ilustre Ver. Pedro Américo Leal. Ao cabo das duas, nós conseguimos aprová-lo com as supressões que foram oferecidas pelos Vereadores que participaram dessa discussão e aprovação. De sorte que o Relatório já está aprovado; todavia, dadas as circunstâncias, dada a relevância da matéria no momento, nessa oportunidade, entendo ser, de fato, relevante a colocação do ilustre Vereador para podermos solenizar, mas não podemos mais discuti-lo, pois já foi discutido e aprovado.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, segurança: cada vez, cada dia em que a imprensa divulga um assassinato, se a vítima tem determinado espectro social, a sociedade se comove. Acontece que nós, nos últimos 10 ou 15 dias, estamos - nós, a sociedade - sendo vítimas de cotidianos eventos dessa ordem. A imprensa divulga aquilo que mais choca a sociedade, como a morte de um estudante de Direito, de um médico, mas no cotidiano também há pessoas mais humildes que estão sendo assassinadas. Quando discutimos a questão da segurança, ou nós tomamos partido daqueles que acham que a solução está no aparelhamento da força repressora ou daqueles que acham que a omissão do Poder Público é que ocasiona ou que gera a violência; é a questão social, a pobreza, o desemprego.

Há três ou quatro meses viemos a esta tribuna emitir um conceito que nós achamos que é diferenciado das visões que continuamos a ouvir: segurança está acima de qualquer interesse partidário; segurança está acima de qualquer interesse ideológico; segurança ou o interesse de manter a segurança é de todo cidadão, de todos os aparelhos institucionais e civis, de todas as organizações comunitárias e de todos os movimentos. E se é assim, então, o que fazer em relação à segurança? Dotar, simplesmente, de orçamento a Brigada? Unir a Brigada e Polícia para aperfeiçoar os seus métodos? Qual é a situação da segurança? Será que isso resolve? No nosso entender, não. Naturalmente, num final de século, a sociedade anda em turbilhão. As mutações que está sofrendo a nossa sociedade são complexas, profundas e temos que perceber isso. As mudanças políticas que ocorrem no Brasil, a reconceituação da definição de todo o cidadão no interesse do aparelho de estado e na formação da sociedade é um compromisso nosso, cotidiano e diário. Então, o que fazer para não nos omitir em relação à segurança?

Há quatro meses apresentamos nesta tribuna um projeto de lei preenchendo uma lacuna da nossa Lei Orgânica, que é o art. 158, que diz que no Município de Porto Alegre deverá haver um Conselho de Segurança. Esse projeto parou na Comissão de Justiça pela mesma razão que muitas vezes aqui se debate - por vício de origem ou porque ele era autorizativo. Nesses últimos dias, com todos os acontecimentos, com taxistas, com estudantes, com médicos, com aqueles pobres das vilas, que também estão sendo assassinados, nós tentamos dar um novo encaminhamento a esta questão. Nós queremos comunicar a esta Casa - e estamos convidando todos os partidos, todas as Comissões, todos os Vereadores para participarem - que estamos encaminhando hoje um projeto de resolução para que se crie, junto ao Legislativo Municipal, o Conselho de Segurança Comunitário e dá outras providências. Esse não tem vício de origem, esse não é autorizativo e segue a mesma prática que esta Casa teve quando criou o Conselho de Cidadãos. Para quê? Para que nós, os Vereadores, os partidos desta Casa não se omitam. E vamos ouvir as comunidades, todos os cidadãos de bem que querem resolver esse problema; vamos ouvir os empresários, e aí, sim, encaminhar aos fóruns competentes, que são o Governo da União, o Estado e o Município, as nossas sugestões em relação à segurança. É mais uma tentativa que está fazendo este Vereador para que se trate esta questão com o maior cuidado e sem paixões que nos ceguem e desvirtuem, que são as paixões ideológicas e partidárias, porque com a vida do cidadão não podemos brincar. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

A SRA. SÔNIA SANTOS (Requerimento): Gostaria de requerer à Mesa que, ao entrarmos na Ordem do Dia, apreciemos primeiramente os projetos das folhas nº 08, 11, 12, 13 e 15.

 

O SR. PRESIDENTE: Sra. Vereadora, será votado, logo após as Lideranças usarem a palavra, um requerimento feito anteriormente, e vamos ver se compatibilizamos todos os interesses.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, eu só registro que o Requerimento do Ver. Cláudio Sebenelo quanto ao ingresso na Ordem do Dia era para que, em primeiro lugar, se votassem os requerimentos e acho que, se ouvíssemos o referido Vereador, não haveria problema nenhum em acoplar o seu Requerimento com o Requerimento da Vera. Sônia Santos no sentido de que, logo após a votação dos requerimentos, se votassem esses projetos por ela indicados.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Requeiro que o projeto da folha 14 seja votado logo após esses que estão sendo propostos.

 

O SR. PRESIDENTE: Está sendo feita a anotação.

Passamos a palavra ao Ver. Cláudio Sebenelo para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi com toda a atenção o pronunciamento do Ver. Juarez Pinheiro, com o qual me solidarizo pela oportunidade desse Tempo Especial em que está sendo debatido o problema da segurança. Chico Buarque de Holanda, na sua definição de saudade, disse:

“Saudade é o pior tormento.

Saudade é pior que o esquecimento.

Saudade é pior do que se entrevar.

Saudade é o revés do parto.

Saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.”

Essa é talvez, a mais perfeita das definições, essa saudade expressa no jornal de hoje, essa saudade infinita dessa mãe. Nós, como sociedade, nos emocionamos porque com tanta crueldade essa vida foi tirada, foi amputada num momento de tanta violência, de tanta insensatez. Essa violência já não pertence a nenhuma classe social. Vivemos numa guerra civil não-declarada, onde, só na Baixada Fluminense, 60 mortes por fim-de-semana são registradas por motivos de somenos importância. É o processo de banalização da vida, com o qual não concordamos. Esse imenso fosso que se estabeleceu entre a violência urbana diária que dói epidermicamente, que dói enlouquecidamente quando entra nas nossas casas, quando os nossos filhos são invadidos por essa violência! Há um imenso fosso entre a violência e o sistema de segurança.

Vivemos uma crise fiscal insuportável não só no Estado do Rio Grande do Sul, mas em todos os estados da Federação. Isso não acontece somente no Brasil, mas no mundo inteiro. O recrudescimento da violência é insuportável na Cidade de Los Angeles, onde de cada 10 crianças duas são assassinadas por mês, por arma de fogo ou arma branca. Essa demanda imensa da criminalidade tem como contraposição todo o arcaísmo de um Estado que não tem mais condições mínimas de fazer frente a uma criminalidade organizada, em que até as pessoas inimputáveis, como são os menores e outras, têm responsabilidade criminal e fazem do crime o máximo da sua impunidade, principalmente o nosso adolescente, pelo qual devemos lutar incessantemente pelos seus direitos, mas saber que, pela impunidade, ocorrem esses crimes de fim de linha, de arrabaldes e de bairros em que é impossível haver um sistema de segurança, por mais competente que ele seja, que faça coincidir a passagem de uma pessoa, um brigadiano, um policial militar no momento em que um crime esteja ocorrendo. E se ele estiver ali, naquele momento, em um outro bairro estará ocorrendo um crime onde ele não está.

Eu concordo com o Ver. Juarez Pinheiro na tese que se deva estruturar e aparelhar, indiscutivelmente, com segurança, com aparelhos adequados, com veículos mais rápidos e com pessoal especializado. Não há dúvida alguma de que a nossa segurança é indispensável, mas a estruturação dos mecanismos de segurança, em geral, inicialmente, duplicam a criminalidade. Temos de ter muito cuidado nessa área. Por isso faço um chamamento à razão, para que este discurso não se torne, no mínimo, ideológico.

Eu faço a mesma conclamação que fez o Ver. Juarez Pinheiro a todos os Vereadores, para que prestemos atenção no orador que me antecedeu, que está propondo um Conselho de Segurança para a Cidade de Porto Alegre. Essa é uma das melhores propostas que já vi em matéria de segurança nesta Casa. A segurança é do Município, do Estado e da União. Neste momento, há uma sociedade toda estarrecida com os problemas da droga, da violência, da miséria, da pobreza, da fome, todos nós voltados para essas mazelas que, indiscutivelmente, fazem parte desse apocalipse que estamos vivendo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, louvo, desta tribuna, mais uma vez, em nome do meu partido, a iniciativa de uso da tribuna por assunto relevante. O Ver. Juarez Pinheiro ensejou que nós, Vereadores, pudéssemos aqui debater, discutir e priorizar, talvez, neste momento, o tema mais importante que abala e preocupa a comunidade porto-alegrense e a comunidade da Região Metropolitana da Cidade de Porto Alegre.

Reitero, embora a questão de segurança seja estadual, que nós, Vereadores desta Cidade, nós, agentes políticos e representantes da comunidade e da sociedade porto-alegrense, não podemos ficar alheios. Isso já ficou patente também na iniciativa do Ver. Cyro Martini, que ensejou a criação de uma comissão sobre segurança pública, que teve no Ver. Pedro Américo Leal o relator dessa matéria, com importante relato de quem tem uma experiência histórica em matéria de segurança pública. Acho que esta Casa tem-se preocupado. É evidente que, de uma certa maneira, sob paixão e sob o impacto dos últimos acontecimentos, vários Vereadores, de quase todos os partidos políticos, manifestaram-se nesse sentido. O Ver. Hélio Corbellini tenta a criação de um Conselho de Segurança Pública através de um projeto de resolução nesta Casa. Esse Projeto de Resolução do Ver. Hélio Corbellini proporcionará um amplo debate sobre a matéria aqui, nesta Casa, a partir do protocolo desse projeto.

O tema não se esgota enquanto vidas humanas, no cotidiano da sociedade porto-alegrense, estão sendo ceifadas. Sabemos das causas mais longínquas que originam os fatos que estão acontecendo na Cidade de Porto Alegre. Temos consciência, e não podemos nos eximir de ter presente que o processo, o modelo político adotado neste País tem grande parcela de responsabilidade pelo que está acontecendo. E esse modelo é o mesmo que criou uma escalada de violência em cidades como Santiago do Chile e Cidade do México, onde o mesmo modelo foi gerado. Mas aqui, neste momento, como Vereadores da Cidade de Porto Alegre, conscientes do modelo e da responsabilidade mediata do modelo em relação ao dramático problema que vive a sociedade brasileira, queremos também buscar, através do ataque às conseqüências, uma solução para o problema. Como diriam os médicos desta Casa, temos que buscar algumas ações que estanquem essa sangria que tomou conta de Porto Alegre e, infelizmente, nos incluindo dentre as cidades mais violentas do País, como São Paulo e Rio de Janeiro. Achávamos que estávamos excluídos dessa realidade. No entanto, fomos incluídos, neste momento, dentre as capitais mais violentas do País, dentre as regiões metropolitanas mais violentas do País.

Não podemos deixar de nos aliar nessa grave situação em que vive a nossa gente, o nosso povo e as nossas comunidades no cotidiano e muito próxima de nós em assaltos, a todo o momento, em postos de gasolina, em supermercados e fatos que, para não criar um clima de comoção, não vêm sendo registrados, como, por exemplo, ontem, quando um capitão da BM foi baleado e ferido na Vila Farrapos por meliantes e assaltantes.

Aqui mesmo eu volto a registrar: os nossos funcionários não podem sair à noite, porque são vítimas de violência e assaltos em frente à Câmara Municipal de Porto Alegre. E eu assisto o depoimento de uma pessoa que me merece o maior respeito, porque conheço a sua história, a sua trajetória - o Secretário Eichenberg - e, no entanto, ele faz um longo depoimento na Comissão de Segurança, em que estive presente. Aponta uma série de problemas, mas, no concreto, não aponta soluções para, imediatamente, estancarmos essa verdadeira sangria de violência por que, nesse momento, passa o povo da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero, hoje, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, em Comunicação de Líder, referir um tema que tem sido objeto de pouca discussão ou quase nenhuma discussão, nesta Casa, mas, nos últimos dias, de muita polêmica, em algum nível da imprensa, e que trata de um assunto da maior relevância. Trata-se da chamada CPI do DEMHAB.

Eu quero deixar claro para este Plenário que a Bancada do Partido dos Trabalhadores jamais foi procurada por nenhuma bancada ou por nenhum Vereador para discutir este tema. Se a CPI é da Câmara de Vereadores, para esclarecer um problema relevante, parece-me que é de interesse de toda a Câmara e não de algumas bancadas, que excluem algumas e incorporam outras, de acordo com os seus interesses, que nem sempre são de interesses gerais.

Segunda questão: tem sido amplamente divulgado que a CPI já tem Presidente, que a CPI já tem Relator, que a CPI já tem Vice-Presidente. A Bancada do Partido dos Trabalhadores sequer foi consultada, ainda, depois de já ter as assinaturas suficientes para uma CPI.

Nós não sabemos qual o objeto da Comissão. Sei que vários Vereadores, Vereadores bastante sérios, preocupados com as questões da Cidade, já vêm discutindo este tema há muito tempo e, exatamente pela experiência que têm, pela seriedade com a qual tratam as questões, ainda não tinham solicitado CPI, porque estavam esperando que houvesse uma evidência ou algo que justificasse essa situação. De uma hora para outra, o Plenário foi surpreendido por um pedido de CPI e vários Vereadores se sentiram pressionados em função das galerias, que estavam cheias e assinaram o pedido.

Faço um protesto formal em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores em função desse tipo de procedimento.

Na Coordenadoria das Promotorias de Defesa Comunitária, as mesmas associações que têm militado dentro da Câmara com relação ao tema já fizeram um requerimento à Procuradoria no dia 12-6-97. O Ministério Público, com a seriedade que tem, disse que o prazo para a amortização é de 300 meses e, segundo palavras da própria CEF, não se encontra similar nas operações da mesma espécie e houve redução de até 23% nos valores das prestações em decorrência da negociação ocorrida entre Guerino e DEMHAB, autorizada pela CEF, credora hipotecária, face à excepcionalidade das cláusulas ajustadas. Com relação às discordâncias dos valores de financiamento, o Ministério Público coloca que não há como reconhecer o direito à obtenção do financiamento se o mutuário não estiver enquadrado nos requisitos legais exigidos e é favorável ao arquivamento do inquérito civil público.

Eu li algumas partes do documento e o coloco à disposição dos Srs. Vereadores.

Sustento a seguinte tese: de que a proximidade da disputa eleitoral no nosso Estado não pode pressionar o Parlamento de tal forma que comecemos a fazer coisas que estejam para além das relações necessárias entre as bancadas e a seriedade que deve caracterizar a Câmara Municipal de Porto Alegre.

A Bancada do Partido dos Trabalhadores reivindica, assim como faz com todas as bancadas, que qualquer CPI, Comissão Especial ou qualquer outro mecanismo desse tipo seja fruto de, pelo menos, uma discussão entre as bancadas. E a Bancada do Partido dos Trabalhadores foi surpreendida com um pedido de uma CPI sobre a qual não foi consultada e com uma composição de direção de CPI para a qual sequer foi convocada. Nós queremos fazer o nosso protesto claro. Amanhã iremos discutir se participaremos ou não desse tipo de CPI. Parece-me que o próprio processo do Ministério Público esvazia muito o objeto dela. E a Vereadora requerente, com todo o respeito, é uma Vereadora que tem se notabilizado por pedir insistentemente comissões, sem ter, muitas vezes, o devido e adequado fundamento legal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este lesado e assombrado Vereador vem a esta tribuna para colocar o seu repúdio a um Projeto de Resolução da Mesa que pretende criar novos cargos.

Este Vereador, no início do ano, apresentou um Projeto de Resolução extinguindo 22 cargos, porque as divisões feitas na Casa do Povo de Porto Alegre favoreciam apenas alguns em detrimento de outros; uns tinham mais assessores e outros menos assessores. Curiosamente, os que tinham mais assessores faziam parte de uma composição.

Agora, recebi uma cópia - eu quis falar com o Presidente e não consegui, por isso estou agora na tribuna - fazendo uma proposição não para a extinção dos 22 cargos que eu havia proposto e que são mal usados, desonestamente usados, porque todos são iguais perante a lei. Não tem ninguém melhor nem pior que eu aqui. São todos iguais; então, não tem por que alguém ser beneficiado. Mas vejam: pela proposição se extinguem 20 cargos. Eu havia proposto 22 e criam 31. Aqueles partidos que não fazem parte da composição da Mesa mantêm o mesmo número de assessores. O PDT, que tinha três assessores, passa a ter quatro; o PTB, que tinha cinco assessores, passa a ter quatro; o PT, que tinha três assessores, passa a ter seis. Onde é que eles são melhores do que eu? Por quê? Como? Isto não se faz. O Projeto de Resolução que eu apresentei, disseram que não podia como Vereador e eu pedi que a Mesa assumisse o Projeto como já assumiram outros. A Mesa propõe esta barbaridade aqui. Estão pensando que os Vereadores que não pactuarem poderão ser diminuídos? Eu não penso que queiram criar mais cargos quando não é o nosso problema cargos e mais cargos. De uma maneira engraçada, Ver. Záchia, de dois a três Vereadores não ganham nada. Um Vereador não ganha nada; de quatro a sete ganham mais um; de cinco a dez ganham mais dois, só que não tem nenhum de dez; só tem de cinco; e de mais de dez ganham mais três cargos.

Eu não estou entendendo e tenho toda a tranqüilidade de ficar estarrecido, porque um dia apresentei um Projeto de Lei diminuindo o número de assessores e perdi por 32 a 1. Senti-me profundamente gratificado. Isto aqui, não. Isto aqui é mais complicado. Estão resolvendo o problema dos meus - “Matheus, primeiro os meus”; deve ser isso aí, e deixam os outros de lado. Tinham, isto, sim, é que reduzir os 22 cargos mal distribuídos, desonestamente distribuídos porque ninguém é mais do que ninguém nesta Casa e a própria Constituição diz que são todos iguais. Não entendo por que alguns têm mais assessores do que outros ou por que alguns têm menos assessores do que outros, como quiserem. Mas é claro que isso aqui é uma tentativa que não terá seqüência, tenho certeza, porque, de repente, o bom senso vai voltar a triunfar e eu vou poder dizer saúde e paz, sem nenhuma irritação. Saúde e paz, meu querido Ver. José Valdir.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra pra uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, causou-me surpresa que a Liderança do PT viesse a esta tribuna e achasse estranho o pedido da CPI, que recebeu a assinatura de 17 ou 18 Vereadores desta Casa. Causou-me estranheza pela experiência que tem a Liderança do PT. O Líder do PT estranhou o fato de já ter presidente escolhido. Ora, todos os Vereadores desta Casa, e o Líder do PT, sabem muito bem, até porque já é uma prática do PT na Assembléia Legislativa: quando se pede uma CPI, normalmente o presidente é o Vereador que pede, que assina em primeiro lugar. Então, não é um problema de escolha; já é tradição nesta Casa que a Presidência da CPI sempre fique com o Vereador que assina em primeiro lugar. Também o Ver. Gerson Almeida achou estranho que nenhum Vereador do PT foi consultado quando se discutiu o problema de relatoria. Imaginem V. Exas. que está sendo investigada a administração petista: como é que se pode conceber que o relator da Comissão seja um Vereador do PT? Não existe condição. O relator da matéria só pode ser de uma outra bancada que não a do Governo. Só pode ser um Vereador de oposição. Isso é absolutamente normal.

Não é correta a informação, finalmente, de que a CPI já esteja montada. Não. A CPI está cumprindo os trâmites normais. O Requerimento possui 17 ou 18 assinaturas. Agora, o Requerimento está sendo apresentado para as bancadas a fim de que elas possam indicar os seus representantes. Este é o procedimento legal de qualquer comissão que é formada aqui na Casa. Não pode causar estranheza para nenhum Vereador. Será encaminhado à Bancada do PT para que ela possa indicar três Vereadores para compor a Comissão. Vejam que, dos 11 Vereadores que integrarão a Comissão, três são do PT.

Portanto, pelas declarações do Ver. Gerson Almeida, parece que esta Comissão seria instalada sem a participação do PT. Isso não é verdade. O PT, quem sabe, poderia até reivindicar a Vice-Presidência, pois existe esse cargo vago. A Presidência da Comissão é do Vereador requerente. A relatoria deve ser de um Vereador de oposição e sobra a Vice-Presidência. Agora, o que não pode é um Vereador com experiência como o Ver. Gerson Almeida vir à tribuna e achar estranho o trâmite desta CPI. Está absolutamente normal.

O que a CPI vai buscar? Ela vai buscar investigar um fato que foi trazido a este Plenário não só por manifestação de populares, mas por manifestações de Vereadores, e cabe à CPI fazer a investigação. Montar a CPI não significa que se esteja condenando alguém. Montar a CPI significa, apenas, que os Vereadores de Porto Alegre estão cumprindo com a sua obrigação e vão fazer uma investigação. Agora, se esta investigação não der em nada, a CPI também não vai dar em nada. Mas os Vereadores têm a obrigação de fazer uma investigação se recebem qualquer tipo de acusação com relação àquilo que está fazendo a administração.

Realmente, a estranheza do Ver. Gerson Almeida, aquilo que ele achou estranho da tribuna, acho que, na verdade, foi apenas uma surpresa inicial. O Vereador, depois que ver melhor o Projeto, vai notar que o processo é absolutamente tranqüilo e natural. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estão tramitando na Casa alguns processos que, pela sua própria natureza, são polêmicos e têm conseqüências na ação deste Legislativo. Discute-se - inclusive, está correndo Pauta - uma proposta de reforma do Regimento da Casa, que é uma oportunidade ímpar para que a Casa discipline várias situações hoje mal disciplinadas no atual Regimento, que vão desde a definição com clareza de situações, como a vivenciada hoje nesta Casa, de quais os assuntos que, pela sua relevância, podem permitir esse Tempo Especial que é deferido ao talante da Presidência e que geram situações absolutamente contraditórias.

Hoje tivemos, por exemplo, uma discussão muito aprofundada a respeito de problemas de segurança pública, que começou com uma intervenção emocionada do Ver. Juarez Pinheiro, num Tempo Especial, e criou a necessidade de que vários outros Vereadores viessem à tribuna, não em Tempo Especial, mas utilizando o tempo de Liderança que cabe a cada uma das bancadas. Esse tema é da maior profundidade. O Ver. Cláudio Sebenelo, inclusive com muita sabedoria, alertava sobre o risco de que esse assunto se transformasse num debate ideológico. Eu vi rançosamente alguns pronunciamentos, esse tipo de problema que dificulta o encaminhamento de qualquer debate sério no nível em que é proposto pelo Ver. Hélio Corbellini, que quer um debate acima dos partidos políticos dada a complexidade desse assunto, senão vamos ficar eternamente naquele discurso usado e abusado de culpar o processo neoliberal como causador de todos os males do país. Toda vez que alguém trata um assunto sério como é esse, utilizando-se de um discurso inadequado, repetindo clichês, prejudica o debate e se alinha àqueles que querem viver do problema e nunca encontrar a solução.

Quero fazer justiça ao Ver. Hélio Corbellini, que nos primórdios desta legislatura, acredito que no seu primeiro projeto, quiçá na sua primeira intervenção, levantou esse assunto, e não o fez bombasticamente, não o fez em discurso emocionado, em discurso patético, mas o fez com objetividade, com a tranqüilidade daqueles que, com seriedade, querem tratar deste assunto.

É evidente que nos somaremos a qualquer esforço da Casa que queira penetrar com mais profundidade no âmago desta situação, e outra não é nossa iniciativa, que propõe, inclusive, a Semana de Combate à Violência, até mesmo para que esse assunto possa ser tratado na raiz, para que esse assunto possa ser debatido muito cedo, nas escolas, com as crianças, e possam os educadores, os psicólogos, os técnicos de toda ordem contribuir não num regime de exploração do problema, mas de prevenção a essa situação.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não pretendia nesta tarde falar sobre esse assunto. Tinha um assunto predeterminado que deveria enfocar, mas dada a relevância do mesmo e dada a atualidade do debate, dadas as circunstâncias de que esse debate se transforme em epidérmico numa hora em que ele precisa ser racional, utilizo esse tempo de Liderança para dizer que respondo positivamente àqueles que clamam por um posicionamento desta Casa de forma concreta, objetiva, tranqüila, racional e, sobretudo, conseqüente, porque, senão, corremos o risco de ficarmos, de tempos em tempos, diante da maior ou menor incidência de atividades criminosas no cotidiano da Cidade, utilizando esta tribuna com veemência inusitada, dizendo das nossas amarguras, dizendo dos nossos clamores, dizendo da nossa revolta, mas não contribuindo para que esse assunto não se repita.

Concluo, dizendo que neste debate sobre segurança pública eu estou presente e, como estratégia, já elegi a prevenção em vez de toda a afetação do discurso e da denúncia inconseqüente, despropositada e absolutamente sem sentido numa hora em que a gente tem que, racionalmente, encarar um problema desta magnitude. Era isso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

 

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0481/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 005/97, de autoria do Ver. José Valdir, que dispõe sobre a construção de habitações de interesse social para a população moradora em subabitação, concede incentivos e dá outras providências.

 

PROC. 3032/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 176/97, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que autoriza o Executivo Municipal a implantar, nas escolas da rede escolar do Município, a disciplina de Educação para o Trânsito.

 

PROC. 3190/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 187/97, de autoria do Ver. João Motta, que altera a Lei Municipal nº 5456, de 23 de outubro de 1984, que define Pontos de Estacionamento para o serviço de transporte de passageiros em veículos de aluguel - Táxi e estabelece normas.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3094/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 179/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui a Semana Educativa de Combate à Violência e dá outras providências.

 

PROC. 3102/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 182/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que denomina Rua União um logradouro irregular localizado no Bairro Sarandi.

 

PROC. 2424/97 - SUBSTITUTIVO Nº 01, de autoria do Ver. Décio Schauren, ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 015/97, de autoria do Ver. Luiz Braz, que altera o art. 8º da Lei Complementar nº 320, de 02 de maio de 1994, que dispõe sobre a denominação de logradouros públicos, e dá outras providências.

 

PROC. 2525/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 153/97, de autoria do Ver. Gerson Almeida, que dispõe sobre a substituição, proibição e retirada de pára-raios radioativos e dá outras providências. Com Emenda nº 01.

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 3176/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 032/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera o Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Os Vereadores inscritos Adeli Sell, Cyro Martini, Juarez Pinheiro, Renato Guimarães e José Valdir desistem de discutir a Pauta.

Passamos a votar o Requerimento solicitando a inversão dos trabalhos da Ordem do Dia; após os requerimentos, o PLL 64/97, o PLL 136/97, o PLL 149/97, o PLL 157/97, o PR 27/97 e o PLL 168/97.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Antes de entrarmos nos requerimentos, nós temos dois projetos importantíssimos para os quais deve ser votado o Parecer Conjunto, razão pela qual convocamos o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Ver. Elói Guimarães, para assumir a Mesa.

Antes, faremos a chamada nominal para verificação de quórum para entramos na Ordem do Dia.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Eu trocava algumas idéias com o Ver. Reginaldo Pujol e ele pretende discutir o relatório das Comissões Conjuntas. Então, esse requerimento foi feito com o objetivo de agilizar os trâmites dos trabalhos da Ordem do Dia. Eu indago a V. Exa. se não seria interessante votarmos rapidamente os requerimentos e os projetos que não têm discussão e, tão logo V. Exa. fizesse isso, passarmos à votação dos Pareceres Conjuntos.

 

O SR. PRESIDENTE: Isso é outro requerimento. A Mesa vai fazer a chamada para a Ordem do Dia.

(É feita a chamada.)

 Havendo quórum, entramos na

ORDEM DO DIA

 

 

O Requerimento do Ver. Luiz Braz solicita que votemos os requerimentos, depois os projetos anteriormente apontados e, depois, o Parecer Conjunto.

A Mesa pergunta se as Lideranças já chegaram a um acordo.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): A proposição da Vera. Sônia Santos é sobre aqueles quatro projetos que não serão discutidos, como geralmente acontece com determinados projetos, mas discutir os requerimentos provoca até retirada de quórum do Plenário.

 

O SR. PRESIDENTE: Há um parecer assinado por V. Exa. que, parece-me, tem urgência.

 

O SR. JOÃO DIB: Esse vai pela via normal.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Foi produzido um acordo no Plenário junto às Lideranças do PDT, Ver. Nereu D’Ávila; PSDB, Ver. Antonio Hohlfeldt; e outros Vereadores, no sentido de que nós, hoje, para garantirmos um calendário para viabilizar as eleições, com qualquer projeto que seja, deveríamos votar o Parecer Conjunto, concordantes ou não. Gostaria de garantir isso, de não votarmos os requerimentos antes, pois poderíamos produzir uma situação difícil, como disse o Ver. João Dib.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a Mesa não pode se negar a votar um requerimento que já foi feito pelo Ver. Luiz Braz.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Este Plenário, há pouco, votou uma ordem para a Ordem do Dia: em primeiro lugar, os requerimentos e, logo após, os projetos mais simples. V. Exa. colocou uma questão preliminar, de votarmos os pareceres conjuntos antes dos requerimentos e projetos. Solicitei a V. Exa., não me opondo à discussão dos pareceres, que primeiro votássemos os requerimentos e projetos solicitados, já aprovado, e depois os pareceres conjuntos para agilizar os trabalhos da Sessão. V. Exa disse que iria submeter à votação.

Ora, é entendimento que os pareceres conjuntos V. Exa decide de plano, porque pode votar antes ou depois. Temo que, se colocar antes dos requerimentos e projetos mais simples os pareceres, vamos correr o risco de passarmos a tarde discutindo os pareceres das Comissões Conjuntas. Estaria prejudicado, concretamente, o Requerimento que foi votado por este Legislativo.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa entendeu - quero que fique bem claro - que foi votada a inversão dos trabalhos e que, uma vez entrando na Ordem do Dia, compete à Mesa solicitar a reunião das Comissões Conjuntas. Eu não podia fazer a reunião antes. No entanto, alguns Vereadores não concordam. Então, que façam um requerimento e peçam, porque eu, de plano, entendo que poderia ser votado. Mas se isso pode prejudicar outros encaminhamentos, há a necessidade de requerer, e foi o que o Ver. Luiz Braz fez.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, seguindo o ritmo da Ordem do Dia estabelecida, vem requerer, dentro do que já foi aprovado, que se aprecie, em primeiro lugar, os dois pareceres conjuntos que estão na Mesa e que, após, passemos aos requerimentos.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa não tem dúvidas de que, quando há contradição nos encaminhamentos, devemos colocar em votação.

Aguardando pelo entendimento por parte dos Srs. Vereadores, suspenderemos a Sessão por um minuto.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h58min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h59min): Estão reabertos os trabalhos.

A Mesa recebeu a informação do Vereador requerente, Renato Guimarães, que há, através dos Vereadores João Motta, Luiz Braz e Isaac Ainhorn, um acordo. Votam-se os pareceres conjuntos e, em seguida, os requerimentos e os projetos.

A Mesa suspende os trabalhos para a realização de uma reunião das Comissões Conjuntas e solicita ao Presidente da Comissão de Constituição e Justiça que assuma os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17 horas.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 17h58min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): A Lei Orgânica, no seu art. 76, parágrafo 1º, diz que dos projetos de códigos e respectivas exposições de motivos, antes de submetidas à discussão da Câmara Municipal, será dada a divulgação mais ampla possível. Eu falo porque aqui tenho um projeto de códigos para ser votado na forma do art. 81. A exposição de motivos e o projeto deveriam ter tido ampla divulgação. A exposição de motivos, numa frase só, Sr. Presidente, diz: “Saliento o fato de que tramitou, na legislatura anterior, projeto visando sobre a mesma matéria”. Ele queria dizer “versando sobre a mesma matéria”. Essa é a exposição de motivos; não foi divulgada e não foi dada a oportunidade para que as entidades pudessem se manifestar. Então, estou requerendo o cumprimento da Lei Orgânica, art. 76, parágrafo 1º, para o PLCE 001/97.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos nos informar junto à Procuradoria desta Casa.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Esclarecimento): Sr. Presidente, eu aditaria aos considerandos do Ver. Dib o fato de que há uma lei municipal vigente, que foi sancionada no ano passado, que define o que é ampla divulgação do projeto e estabelece os requisitos de como se dá essa ampla divulgação, regulamentando o dispositivo da Lei Orgânica. Conseqüentemente, esse aspecto deve ser rigorosamente observado, sob pena de, não o fazendo, estarmos frente a um caso de nulidade de lei.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento, de autoria do Ver. Carlos Garcia, solicitando que seja retirado de tramitação o Proc. 868/97, PLL 32/97.

 

O SR. ADELI SELL (Questão de Ordem): Eu quero saber da Presidência dos trabalhos se, havendo um Substitutivo que eu protocolei nesta Casa a este Projeto de Lei, o Vereador pode retirar o original.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. pode apresentar como uma proposição independente, porque, retirando o original, conseqüentemente os acessórios caem junto com o principal.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Requerimento, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando renovação de votação do Proc. 1918/97, PLL 119/97.

Em votação. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apenas para esclarecer, porque no dia da votação deste Projeto, por motivo de força maior, este Vereador teve que se retirar do Plenário e não pôde esclarecer suficientemente aos Srs. Vereadores o alcance e a importância de um projeto que homenageia uma figura extremamente importante, dentro do corte e do desenho urbano da cidade, que é o síndico. Portanto, solicito aos Srs. Vereadores, em respeito à democracia e à possibilidade de ver reexaminada a questão, que a votação do Projeto seja renovada. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Requerimento, de autoria do Ver. Adeli Sell, solicitando que o Grande Expediente da Sessão do dia 24 de novembro de 1997 seja destinado a homenagear o Tenente-Coronel Amilcar Cassales Barros por ocasião de sua transferência para a Reserva.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Este Vereador não tem o privilégio de conhecer o Coronel Amilcar. Para que possamos votar com tranqüilidade, eu gostaria que os Vereadores desta Casa que o conhecem pudessem dizer de quem se trata.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell fará o encaminhamento para esclarecer V. Exa.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na verdade, trata-se do Comandante dos Bombeiros da nossa Cidade, que passa para a Reserva; é um pedido da Corporação. Apenas está sendo assinado por mim, porque não fiz nenhum Grande Expediente este ano, mas é articulado pelo nosso nobre colega Pedro Américo Leal e por outros Vereadores desta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não há surpresa de ninguém nesta Casa com relação a minha opinião de absoluta resistência à utilização do Grande Expediente para situações que não dizem respeito com o andamento normal dos trabalhos da Casa. A nossa posição, externada no início do ano e que, na ocasião, poderia surpreender aos que na Casa se encontravam pela primeira vez, não surpreendia aos Vereadores em segundo mandato, porque era repetição de uma posição que vínhamos há mais tempo sustentando nesta Casa.

Entendemos que a utilização do Grande Expediente para saudações como a que vai ocorrer para o ilustre militar que está passando para a reserva nesta data enseja o tumulto na realização dos trabalhos nesta Casa. No dia de hoje, é um excelente exemplo do que estamos afirmando, na medida em que às 18h05min ainda não entramos objetivamente na Ordem do Dia, porque a Casa, hoje, utilizou o Grande Expediente para fazer uma homenagem, merecidíssima, aos cem anos de atuação dos Irmãos Maristas no Brasil; porque a Casa hoje recebeu o grande Secretário da Agricultura, César Schirmer; porque a Casa, hoje, fez inúmeras coisas. Mas não fez o seu objetivo primeiro, que é cumprir a Ordem do Dia. Então, tenho tido posições renovadas de restrição, de reserva, à utilização do Grande Expediente para esses fins.

A Vera. Clênia Maranhão sabe que me levou, à ocasião, a uma capitulação e que eu disse que, depois de ter-se homenageado tantos homens nesta Cidade através do Grande Expediente, até seria uma desconsideração às mulheres se negássemos a oportunidade de a Vera. Clênia Maranhão utilizar um Grande Expediente para louvar a figura de Anita Garibaldi.

Sabemos que os militares da gloriosa Brigada Militar do Rio Grande do Sul, especialmente a corporação dos Bombeiros, aqueles que se expõem a todo o tipo de risco na defesa e na preservação de interesses da comunidade, é rica de exemplos nesse particular e, certamente, todas as louvações que fizermos aqui serão poucas. A minha posição é absolutamente de coerência com o discurso que tenho sustentado nesta Casa. Considero que homenagens devem ser feitas em Sessões Solenes, em Sessões Especiais. Não se deve utilizar o Grande Expediente, não se deve tumultuar o andamento dos trabalhos da Casa para fazer aquilo que o Regimento da Casa autoriza de outra forma.

Guardo a minha coerência, não capitulo nem no meu apreço à Brigada Militar do Rio Grande do Sul e aos seus mais ilustres representantes. Mantenho a minha posição: não devemos utilizar o Grande Expediente para desviá-lo da sua função precípua dentro do Regimento. Só resta demonstrar a minha posição contrária, que tem sido solitária neste Legislativo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Adeli Sell. O Ver. Reginaldo Pujol solicita votação nominal. (Após a chamada.) APROVADO por 23 votos SIM, 01 voto NÃO.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Apregoamos a Emenda, de autoria do Ver. Gerson Almeida, ao PLCE nº 01/97.

Requerimento, de autoria do Ver. Cyro Martini, solicitando uma Moção de Protesto em virtude do descaso do Governo Estadual relativamente às condições insuficientes para a execução das atividades policiais.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com a finalidade de encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Cyro Martini solicitando uma Moção de Protesto em virtude do descaso do Governo Estadual, anexando uma folha da Zero Hora, que diz que “crime revolta bairro e tumultua polícia”, que o “trânsito mata no Estado mais de 14 pessoas num fim de semana”, que a “incidência de automóveis cresceu”, segundo o jornal Zero Hora, página 63, da edição de 28-10-97, “um final de semana cruel nas estradas”... - os assuntos de trânsito e criminalidade -, esta Casa, mais uma vez, se vê envolvida com uma discussão em que uma Moção de Protesto passa a ser uma moçãozinha, porque se quer responsabilizar o Governo do Estado, que se sabe que vive uma crise fiscal, que se sabe que vive uma crise de segurança. Mas essa segurança, mais de uma vez, já foi dito aqui e foi estabelecido, principalmente pela brilhante atitude do Ver. Juarez Pinheiro, pedindo melhores condições para a Secretaria de Segurança... Sim, mas que não se faça dessa Moção de Protesto mais um abastardamento das moções, principalmente com a debilidade em cima das dificuldades imensas de verba, das dificuldades imensas administrativas, dos problemas gravíssimos que nós temos em relação à segurança, que não se responsabilize apenas o Governo do Estado quando o problema da segurança também é um problema da União Federal. Claro que é um problema, também, da União. É um problema do Município? Evidentemente que é um problema municipal. Agora, faz-se esta discriminação apenas com este objetivo ideológico, político, de faturar em cima da desgraça alheia, fazendo este tipo de moção para fins ideológicos, para fins unilaterais, para ganhos secundários, políticos. Ora, por favor, Senhores, vamos respeitar a desgraça alheia, e não faturar politicamente fazendo mais uma moção contra o Governo do Estado, que realmente tem problemas reconhecidos e que estão sendo debatidos.

Nós estamos pedindo, mais uma vez, a presença do Secretário de Segurança e da Presidente da Febem, ou seja, estamos pedindo a presença de autoridades do Governo para debater problemas de segurança. O próprio Ver. Hélio Corbellini tem um trabalho magnífico sobre segurança e, inclusive, cria o Conselho de Segurança Municipal, e nós estamos projetando no Estado os nossos problemas e os do Município, que também tem problemas. Se há uma crise fiscal no Estado, se há necessidade de reforma no Estado, se há problemas na área de segurança, eles estão sendo enfrentados, e a cada dia o jornal noticia isso. Essa é a pusilanimidade da Moção: não mostra a página da Zero Hora onde diz que o Secretário está, em caráter permanente, reunido com seus assessores, tentando melhorar o policiamento de Porto Alegre. Essa é a verdade. Esse esforço que o Estado está fazendo não está noticiado aí na Moção.

Não tenho dúvida alguma de que esses problemas existem. Flagelos da nossa sociedade, como acidentes de trânsito, criminalidade, a violência nos fins de semana a vitimar pessoas e amputar vidas, que jamais conceberíamos como essas últimas que ocorreram na Cidade, nos deixam tristes. Ora, fazer Moção de Repúdio em cima disso, pelo amor de Deus, Srs. Vereadores, é muito ganho secundário em cima da desgraça alheia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, evidentemente abro uma exceção: uso a tribuna hoje, muito ao contrário do que havia prometido, enquanto o nosso Presidente não passar este plenário para o plenário propriamente dito desta Casa, e digo ao meu Presidente de que não tem nenhuma resistência ou qualquer ato de insubordinação quando faço isso como Vereador. Na verdade, preciso que o Plenário seja inaugurado e submeto S. Exa. a uma quarentena.

O que tenho em mãos hoje é uma Moção de Protesto.

Crimes incríveis sacudiram Porto Alegre, que nos revoltaram, colocaram a todos nós quase que estatelados. Um jovem, Fábio, aluno de Direito, foi praticamente fuzilado e em condições sórdidas por quem? Não se sabe. Outro tanto sucedeu com um medico de 35 anos que também, se sacrificando, trocando quase que a vida dele por a de uma menina que seria sua enteada, ele, praticamente, se imolou e morreu crivado de balas. Um chofer de táxi morreu com um tiro na nuca, em Viamão, ainda na madrugada de ontem.

Sr. Presidente, mas o que é que tem que ver esta Moção com todos esses crimes? São crimes que não podemos evitar, porque o contingente de desocupados, de ociosos, de pessoas sem empregos que transitam em Porto Alegre é incrível. Então, se mata o indivíduo chegado ao seu carro - morre a classe média - porque, na verdade, quando o indivíduo se aproxima do seu carro é que ocorre o crime, ou saindo do automóvel, ou transitando ou, ainda, estacionando. É impossível a polícia conseguir evitar esses crimes. Não podemos fazer nada. São crimes fortuitos. Ou quem sabe querem colocar um brigadiano em cada rua? Nós temos cinco mil e 700 policiais civis e 27 mil brigadianos. Agora, dividam esses números por quatro e tem sete mil homens da Brigada Militar no Rio Grande do Sul inteiro.

Não podemos deter a criminalidade dessa maneira. O que nós precisamos, na verdade, é de leis muito mais sólidas. Não essa lei de infrações penais que o indivíduo mata e recebe uma sentença de oito anos e cumpre apenas dois anos e está em liberdade. Quem está assaltando são homens em liberdade condicional. São homens foragidos. O que pode fazer a polícia?

Todos os Senhores sabem que eu não defendo nada em que não acredito. Mas não está aí a razão desta Moção. Esta Moção, Ver. Cyro Martini, é um grito de V. Exa., mas não pode acusar as polícias civil e militar pela ocorrência destes crimes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejam V. Exas. o quanto é difícil a questão da segurança! Acabamos de votar um Parecer da Comissão de Segurança Pública em que o Presidente é o Ver. Cyro Martini e Relator o Ver. Pedro Américo Leal.

Vejam V. Exas. que o Presidente tinha que ser mais rigoroso no cumprimento das disposições regimentais desta Casa, posto que, em encaminhamentos, não existem apartes, muito menos anti-regimentais. V. Exa., cujo nome eu deixo de maneira elíptica, teima em fazer apartes anti-regimentais à minha manifestação. Até gostaria de dá-los, porque pertenço a uma geração que apostou na democracia e na luta contra o arbítrio e a ditadura. Conseguimos derrotar o arbítrio finalmente, e hoje o Brasil, graças a Deus, elege todos os seus governantes, desde Prefeito a Presidente da República, pela via direta, pela vontade da maioria absoluta dos eleitores, excluindo os votos brancos e nulos, até em primeiro turno.

A matéria é complexa. Eu queria que no Relatório, Ver. Cyro Martini, constasse que havia um descaso do Governo Estadual relativo às condições. Infelizmente, isso não foi apontado no Relatório e não é o momento aqui, através de Moção, de fazermos manifestações desse jaez. Insubordina-se este Vereador, porque isso era matéria de mérito da Comissão. Assisti o depoimento do Sr. Secretário de Segurança Pública nessa Comissão. Ele faz uma ampla análise da segurança, mas não aponta soluções concretas para o problema. Por essa razão haverá continuidade das discussões sobre a matéria.

Votei favoravelmente o Relatório em homenagem à excelência do conhecimento que o Ver. Pedro Américo Leal tem da matéria de segurança pública, pelas suas passagens na área. Quero dizer que não é essa Moção de Protesto o remédio mais adequado para a votação de uma complexa e difícil matéria. Certamente, o encaminhamento que deu o Ver. Juarez Pinheiro, deferido pela Mesa, de transformar o assunto em tema relevante, e o debate havido sobre segurança nesta Casa encontraram um caminho de debate, de discussão e de reflexão sobre a matéria.

Eu, antes de concluir, refiro aqui a inquietação reinante no Plenário sobre a prorrogação da Sessão - fugindo um pouco da temática. Ela não pode se dar no meio de um processo de discussão de uma matéria que está sendo encaminhada.

Ver. Pedro Américo Leal, gostaria de ver V. Exa. na vanguarda da luta da pena de morte para os crimes hediondos. Infelizmente, V. Exa. não tem estado na vanguarda desse assunto em suas manifestações sobre o tema. Certamente, deve ser pelo espírito que lhe toma, no curso da experiência dos anos, da generosidade dos seres humanos com o seu próximo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, devo, de plano, alertar para o fato de que não se trata de uma Moção de Repúdio: é uma Moção de Protesto. Ou seja, o qualificativo emprestado à Moção, evidentemente, não chega às raias da contundência. Mantém-se num plano racional, tranqüilo e equilibrado de modo a tão-somente atingir o Governo do Estado para que ele tenha como certo que a posição da população é absolutamente contrária ao tratamento dispensado à segurança e que, lamentavelmente, nós somos obrigados a classificá-lo como descaso, desatenção, desconsideração.

De outra parte, a Moção de Protesto é dirigida contra o Governo do Estado, isto é, contra o Governador. Não tem linha alguma contra qualquer organização ou unidade policial. É um outro esclarecimento que se faz necessário. Ele está dirigido àquele que tem a responsabilidade política, administrativa, de dirigir o Estado, que é o Exmo. Sr. Governador do Estado. Cabe a mim, de plano, dizer duas coisas: em primeiro lugar, esta Moção é de iniciativa deste Vereador e não da Comissão. Nós não podemos confundir a Comissão, onde o tratamento dispensado ao Relatório segue o consenso e a aprovação da Comissão, com a minha iniciativa neste sentido. Mas devo dizer, por razão de justiça, ao Ver. Isaac Ainhorn que, se não em termos candentes, mas pelo menos em termos formais, estão registradas essas colocações no Relatório do Ver. Pedro Américo Leal, a que V. Exa. endereçou críticas por não constarem. Na verdade, constam no Relatório.

Mas eu gostaria de ler os termos da Moção para deixar bem claro: “Em virtude do descaso do Governo Estadual relativamente às condições insuficientes para a execução das atividades policiais, alocadas as organizações destinadas ao exercício da polícia judiciária e do policiamento preventivo ostensivo”. Lamentavelmente, uma delegacia de polícia, por exemplo, a 15a. Delegacia do Partenon, quando eu fui titular daquela repartição policial, em 1985, nós dispúnhamos, para o trabalho policial daquele distrito, de mais de 50 servidores policiais, com três postos, um no Mapa, outro no IPÊ II e o outro no Morro da Cruz. Hoje, a 15a. Delegacia de Polícia... passaram-se mais de 10 anos e ela não possui 20 homens. É um absurdo, não tem cabimento.

Então, isso aí, evidentemente, o inspetor não pode sair rua afora reclamando, o delegado, o comissário, o investigador, o escrivão, os servidores policiais, assim como na área da Brigada os praças não podem reclamar, pois serão punidos disciplinarmente. Mas nós aqui temos que reclamar e trazer a público isso aí, porque esses crimes que ocorreram nos últimos dias, que ocorreram no passado e que, ao que tudo indica, ocorrerão no futuro evidentemente exigem de nós um posicionamento claro a respeito da matéria.

Mas há um outro dado sobre o qual os policiais, de um modo geral, não abrem a mão e que a população tem que conhecer com toda a consciência e firmeza, que é o que diz respeito aos salários dos agentes policiais.

Os salários são um problema sério, ou seja, o desânimo que se abate sobre o policial que não vê o Governador do Estado reconhecer a responsabilidade dele, ver o valor da atividade dele... Quando ele não vê isso, evidentemente que não pode estar animado. Não pode estar com o pleno vigor para desenvolver as atividades dele. Ele desenvolve as suas atividades, temos certeza e somos testemunhas disso, mas não com aquele ardor de policial. Policial é muito mais do que funcionário público. Ele tem que ir além, não tem hora para trabalhar, tem obrigação e tarefa a cumprir. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a obstinação com que o ilustrado Ver. Cyro Martini, de forma sistemática, insiste em apresentar moções de protesto contra o Governador do Estado, contra os responsáveis pela área de segurança pública do Rio Grande do Sul, está-nos criando uma situação extremamente negativa. Tamanha tem sido essa cruzada, e tão freqüente, que nós já ficamos, de certa maneira, prevenidos contra as manifestações do Ver. Cyro Martini, que já estão ficando monocórdias nesse particular. No fundo, está o salário do delegado de polícia; isso está confessado nas entrelinhas.

Nós gostaríamos que esse assunto tão grave, tão delicado, que é a segurança pública, a onda de violência, fosse tratado, nesta Casa, sem o menor preconceito. Eu até sou ingênuo nesse particular, Ver. Pedro Américo Leal; eu chego a acreditar que é possível que isso aconteça.

Eu quero, com toda a tranqüilidade, fazer uma colocação que não é indelicada, que pode ser entendida, mas que não o é. Eu vejo essa moção politiqueira, de nítido cunho político, tentando, em cima de fatos que comovem a opinião pública do Estado, tirar partido político e arrumar um protesto que, em última análise, parece querer culpar o Governador do Estado do Rio Grande do Sul pelo motoqueiro que se acidenta na via pública. Está instruindo o processo: “Trânsito mata mais 14 no Estado. Quatro motoqueiros, quatro pedestres e um ciclista entre as vítimas nesse final de semana”. Parece que o Governador Antônio Britto, com poderes inimagináveis, convocou todos os delinqüentes deste Estado e mandou-os matar gente na via pública, matar gente em todos os lugares para que nós viéssemos aqui protestar. “Vamos protestar contra esse Governador bandido, que está mandando matar o motoqueiro, está mandando matar nas estradas, está mandando matar na cidade, em todo lugar.” Não é assim que nós vamos encarar esse gravíssimo problema: de uma forma irresponsável e politiqueira. Eu me nego a fazer o coro daqueles que pegam as famílias enlutadas, o clamor, a mágoa, a dor de tantas pessoas e querem transformá-las em armas políticas.

Passou o tempo em que se andava em busca de uma camisa ensangüentada para iniciar um processo de protesto e revolução. Temos que, neste País, encarar seriamente os problemas. Teríamos tranqüilidade e não faltaria o aconselhamento do Ver. Pedro Américo Leal, experiente no assunto. E numa discussão tranqüila, transparente, sincera, até reconhecermos deficiências, equívocos, omissões, que aqui ou acolá possam aparecer na figura do Governador do Estado ou do Secretário de Segurança. Não temos a pretensão de achar que só porque o Governador Antônio Britto recebeu o nosso voto ele seja infalível.

Aliás, se querem a minha opinião, o Governador Antônio Britto, em vários assuntos, tem equívocos. Por que não? Será que pretendo que ele seja infalível, que jamais se equivoque, que jamais erre, que jamais se omita? Não, ele tem equívocos. Estou comprometido com todos para, numa discussão alta, conseqüente, sincera e transparente, examinar estes processos. Mas recuso-me e quero fazê-lo com a veemência devida, mas dentro de um processo civilizado, mas não entrar nessa ciranda daqueles que querem utilizar situações absolutamente imponderáveis que ocorrem neste Estado, como ocorrem em todos os quadrantes do mundo, e em cima do imponderável querer oferecer um tamanho de responsabilização, que nem o mais feroz dos oponentes políticos do Governador do Rio Grande do Sul seria capaz, em sã consciência, de querer colocar.

Não estamos diante de um bandoleiro, que tem enganado a opinião pública, omitido os votos e cometido o grande crime de vencer as eleições no Rio Grande do Sul, quando se esperava o contrário. Estamos diante de um cidadão que tem cumprido, de acordo com suas convicções, a sua responsabilidade de Chefe do Estado e que lamenta, como qualquer um de nós, que alguns fatos estejam ocorrendo neste Estado, às vezes com maior freqüência que o desejável e suportável, mas sem que tenha condições de dizer que isso se dá diante de uma omissão, de uma determinação ou qualquer outra posição negativa que a leitura dessa Moção nos ensejaria entender.

Não quero ser um incentivador da dor, do pesadelo, da mágoa e do sofrimento das famílias enlutadas do Rio Grande e, por isso, não me inscrevo entre aqueles que querem, através dessa camisa ensangüentada, fazer um gesto político de agravo ao Governador Antônio Britto e às autoridades de segurança do Estado. Vou votar contra essa Moção, visivelmente politiqueira e eleitoreira. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passarmos à votação do Requerimento, a Mesa pede licença aos Srs. Vereadores para dizer que está em pleno andamento o nosso Seminário Nacional sobre os 60 anos do Estado Novo, patrocinado pela PUC e pela Prefeitura, e que ontem este Vereador teve a honra de representar, sozinho, toda a Câmara, numa atividade nossa, da Câmara, que infelizmente não está tendo condições de contar com a honrosa presença dos Vereadores. Ontem a palestra foi muito boa; hoje, teremos outra, com debate, e logo a seguir, no dia 31, a terceira. Tenho certeza de que, se algum de nós puder comparecer, vai gostar e vai achar que é uma discussão importante.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Cyro Martini. (Após a chamada.) Onze votos SIM, 02 votos NÃO.

Não havendo quórum, declaramos nula a votação e encerramos os trabalhos da Sessão de hoje.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h49min.)

 

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